Imagine-se do outro lado do mundo.
Depois de ter viajado 11 horas de avião, sofrido com comidas no mínimo estranhas em um país vizinho. Chegado num país com outra cultura, dormido a primeira noite da vida no chão e enfim, ter viajado embaixo de um calor de 40 graus, por 10 horas. O que você mais iria querer pra relaxar?
Um bom banho.
Foi a primeira coisa que pensei assim que chegamos a Sibolga. Cumprimentei os muitos familiares de Ponty e logo perguntei onde poderia tomar um banho.
Entramos numa espécie de Bar e, ao fundo, meu amigo me mostrou uma portinha e disse que ali poderia me lavar. Peguei minhas coisas… toalha, sabonete… estava feliz, finalmente poderia tomar uma bela ducha, mas assim que entrei no banheiro, levei um bom susto.
Os azulejos de um vermelho escuro cobriam o chão do local de paredes brancas, bem sujas. Um buraco no chão em que eram feitas as necessidades fisiológicas e a minha direita, um grande tanque com água parada e uma vasilha.
Demorei alguns segundos para entender que seria ali e daquela maneira que deveria tomar banho. Após os segundos de asco pessoal tomei coragem e fui me despindo.
Ensaboei-me procurando estar atento aonde pisava, era uma sensação nova, estranha, curiosa e, por que não, “de aventura”.
Com o corpo ensaboado, mergulhei a bacia naquela água turva e comecei a me lavar. Naquele momento já estava até me divertindo. A água renovava também o meu espírito e a minha vontade de estar ali para me doar aquelas pessoas.
Meus pudores ocidentais começavam a se desfazer a cada “baciada d’água”. Era como um batismo necessário para quem quisesse mergulhar profundamente na pobreza e na dor daquele povo que encontraria na ilha de Nias.
Saí do banho sorrindo, contente e pela primeira vez, naquele país, redescobri o verdadeiro sentido de “estar na essência das coisas” e não me deter nas dificuldades vãs.
Só que essa era só a primeira delas…