Pedalando nas grandes metrópoles – PDF DA MATÉRIA: CLIQUE AQUI
Por Valter Hugo Muniz
Quero comprar uma bicicleta! O que você recomenda? – pergunta Guilherme, assim que chego à empresa, empurrando minha mais valorizada aquisição. Aquela simples pergunta abriu espaço para horas de conversa e outras tantas de pesquisa nos diversos sites da internet procurando uma bicicleta que se adaptasse às exigências do meu colega de trabalho, que há tempos busca maneiras de fugir do sedentarismo que sufoca a maioria dos habitantes das metrópoles.
Nos últimos anos, vem crescendo de maneira acentuada o número dos adeptos dos esportes de rua, promovidos por grandes empresas esportivas, prefeituras, ONGs e associações esportivas. Dentro desse espaço de democratização do esporte, o ciclismo torna-se cada vez mais parte do cotidiano dos cidadãos dos centros urbanos. Boas bicicletas que custavam caro há poucos anos agora podem ser adquiridas por preços populares, fazendo com que a presença de ciclistas, em meio ao intenso tráfego das grandes cidades, seja uma cena cada vez mais comum.
O professor de Educação Física da Universidade Católica do Sudoeste do Paraná (Unics), Aluísio Menin Mendes, especialista em “Saúde e Qualidade de Vida”, ressalta que os benefícios de andar de bicicleta são muitos. “Além dos benefícios físicos – melhora da força e da resistência muscular -, fisiológicos – melhor eficiência cardiopulmonar e imunológica -, mentais e psíquicos, pedalar também ajuda no desenvolvimento social do praticante com a melhora do humor, cria a possibilidade de extravasar o stress e contribui ainda para ver a própria cidade com outros olhos”, explica o professor.
MELHORAR A CIDADE
Além dos ciclistas preocupados com os benefícios desse esporte para a própria saúde, também cresce muito o número de pessoas que fazem da bicicleta seu único meio de transporte. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), 50 % das bicicletas vendidas no país já são usadas como meio de transporte e o Brasil é o terceiro maior polo de produção de bicicletas no mundo.
“Estou procurando uma maneira de começar a ir trabalhar de bicicleta”, explica o ciclista Tarcísio Canara, 44, praticante do esporte há dois anos, ressaltando que o único impedimento é a falta de infraestrutura, como vestiários e chuveiros, na empresa onde trabalha.
A opção pela bicicleta como meio de transporte no lugar do carro, principalmente em percursos curtos, está se tornando um estímulo para a melhoria do asfalto nas ruas e para combater os problemas ambientais das grandes cidades.
Em Aracaju, foi implantado um Projeto Cicloviário, considerado referência mundial. Além dos 50 km de ciclovia construídos a partir de 2001 (em toda a cidade de São Paulo são somente 23,5 km), entre as próximas metas da prefeitura estão a duplicação da extensão das pistas para ciclistas, a melhoria da urbanização e a arborização das ciclovias para tornar o deslocamento mais agradável e seguro. Além disso, a prefeitura de Aracaju prevê a construção de bicicletários associados aos terminais integrados de ônibus e a busca de fontes de financiamento para investir cada vez mais nessa modalidade ambientalmente sustentável.
“Outro objetivo a longo prazo é iniciar uma campanha para sensibilizar os empresários da necessidade de se construírem instalações sanitárias adequadas para quem vai ao trabalho de bicicleta”, informou Edvaldo Nogueira, prefeito da capital sergipana, durante a Conferência Internacional de Mobilidade por Bicicleta, realizada no final de 2008 em Brasília.
ENCONTRANDO-SE ENTRE PEDALADAS
No dia 25 de janeiro, aniversário da cidade de São Paulo – conhecida também pelo trânsito caótico e estressante – aconteceu a primeira edição do “Bike Tour” no continente americano. Esse evento que teve início na capital portuguesa, Lisboa, levou cerca de 5.000 paulistanos a um passeio de 10 km pelas ruas da capital.
Eventos como esse têm feito do simples andar de bicicleta em grupo uma nova ponte na construção de relacionamentos. Com efeito, a partir deles, surgiram diversos grupos de adeptos do ciclismo que se encontram regularmente para pedalar pela cidade. Os grupos mais comuns de ciclistas urbanos se reúnem à noite em horários, pontos de encontro e roteiros variados.
“Eu uso minha bicicleta nos fins de semana e pela primeira vez participo de um evento assim, mas gosto muito dessa ideia de sair do meu bairro, do meu ambiente, para conhecer pessoas novas, poder interagir com outros ciclistas”, conta o metalúrgico Marcelo Miranda, 36, que participou do passeio organizado pelo grupo Sampa Bikers, também no aniversário de São Paulo. O “Sampa Bikers”, grupo com mais de 15 anos, nasceu da vontade de vários amigos ciclistas, que decidiram se reunir uma vez por mês, para pedalar por trilhas e estradas próximas da capital. Organizando diversos eventos, “a cada semana, o grupo recebe de cinco a dez novos participantes”, diz Paulo de Tarso, diretor do grupo.
Fazer amigos é sim um bom motivo para começar a andar de bicicleta, mas não é o único incentivo dos adeptos da ação “Pedalando com Cristo”, realizada em Sapiranga, cidade de 74 mil habitantes, próxima a Porto Alegre (RS). A atividade promovida pela Igreja Católica faz parte de um conjunto de iniciativas do Dia do Trabalho.
Já na cidade de Santos, litoral paulista, a Associação dos Ciclistas de Santos e Região da Costa da Mata Atlântica (Ciclosan Metropolitana) vem realizando diversas ações para incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte. Também em Fortaleza-CE, Pelotas-RS, no Triângulo Mineiro e em outras pequenas ou grandes cidades do Brasil, o ciclismo está conquistando cada vez mais adeptos.
FALTA DE SEGURANÇA
Na primeira quinzena de 2009, faleceu em São Paulo, a ciclista Márcia Regina de Andrade Prado, 40, atropelada por um ônibus enquanto pedalava na Av. Paulista. Participante do grupo “Bicicletada”, Márcia havia assinado o “Manifesto dos Invisíveis”, documento elaborado pelos ciclistas que “clamam por respeito à vida” dos adeptos do ciclismo.
Adotada como alternativa para amenizar o trânsito em várias cidades do mundo, a bicicleta é considerada apenas como um item de lazer em muitas capitais do país. O desrespeito no trânsito e a violência fazem do pedalar uma atividade arriscada para quem está começando. “Ainda é perigoso demais pedalar pelas grandes avenidas da cidade, mas aos poucos acredito que os motoristas começarão a respeitar mais os ciclistas, principalmente quando começarem também eles a optar por esse meio de transporte”, conclui Taís Alves, 35, ciclista há 8 anos.
danny
uma otima pesquisa sairei daqui satisfeita!!!!muito obrigado com isso ficarei com um pouco mais de conhecimento…