Preconceito é uma daquelas heranças culturais, muitas vezes sem significado, que nos distancia uns dos outros e que quase sempre aceitamos sem nos questionarmos o porquê.
Árabes e Judeus brigando por Jerusalém pode parecer uma briga política, mas a falta de resoluções toca profundamente no desrespeito e o preconceito com a cultura religiosa do outro.
Paulistas e nordestinos seguem os mesmos escopos. A segregação social criou fluxos migratórios decorrentes do desenvolvimento exclusivamente sulista, num país em que uns foram mais “privilegiados” que os “outros” que vieram procurar seu espaço dentro do contexto que lhes permitia a sobrevivência.
Brancos levantam a bandeira da democracia, contra a política de cotas e de vantagens, lutam pela manutenção dos “direitos iguais”, mas esquecem que por 500 anos os negros não puderam desfrutar de sua civilidade com a escravidão e exploração da sua raça. É como competir numa prova de 100m com alguém que acabou de disputar a maratona.
Sim, tudo isso deve ser conhecido! Precisamos pensar historicamente, já dizia Sérgio Buarque, para lidarmos bem com essas diferenças, sem ingenuidade e buscando soluções pacificadoras.
Porém, no final, será sempre a necessidade de “abrir mão” de benefícios exclusivos, de vantagens sociais, para incluir desprivilegiados na partilha do “grande bolo”.
Enquanto tiver gente comendo mais que outras ou pessoas sem poder saborear as delicias de ser cidadão, entraremos em choque com esse preconceito herdado, que tantas vezes não encontram mais significado para a nossa geração, mas que a falta da consciência nos faz revivê-lo com nossos iguais, num fluxo infinito de descaso e omissão.