Passei a noite pensando na conversa com uma das pessoas que mais tenho prazer em compartilhar ideias. O mais engraçado é que discordamos de quase tudo, sobretudo pelas experiências e histórias pessoais de cada um, da cultura em que fomos “obrigados” a incorporar. Porém, o interessante, é que na essência, acreditamos em uma mesma coisa: todo homem busca a própria felicidade.

Essas conversas me fazem sempre olhar para dentro de mim e me dar conta do quão limitado sou, o quanto preciso crescer e sofisticar o meu modo de amar (fazer o bem) às pessoas, do modo que elas gostariam de ser amada.

Disso também falamos! Da dificuldade que o ser humano tem de sair de si e olhar o bem do outro, tendo o que esse “outro” almeja como ponto de referência. É muito fácil acreditar que a nossa verdade é universal e faria bem para qualquer um… porque experimentamos e vivemos com/por ela, todos os dias.

Contudo, cada ser humano tem o seu modo especifico de sentir e viver a tal felicidade. Ajudar o outro é descobrir o que o faz feliz e lutar por isso, sabendo que, para viver POR alguém é necessário abrir mão de si mesmo.

Durante essa discussão, quase calorosa, pela dificuldade de expressar bem aquilo que se pensa e de traduzir experiências em matéria comunicativa, novamente estávamos diante de um impasse de ideias.

O maior dele foi a diferença em relação ao diálogo, que para mim é uma capacidade intrínseca e exclusivamente humana (afinal, violência qualquer animal manifesta, sobretudo para expressar sua soberania) e para ela, por diversos motivos (como diferença de cultura e de geração) muitas vezes a “violência” é a única forma de viver em harmonia.

Pensar que o diálogo tem um limite e que a violência pode se tornar um fim, para afirmar uma ideia não aceita por todos, é acreditar que ser um Homo Sapiens não me faz diferente dos outros animais. Porém esse é o tipo de conversa que não tem uma resposta única, uma conclusão comum, principalmente porque a história mostra a violência como único meio possível de mudança e a nossa sociedade incentiva a realização do eu, em detrimento ao bem estar do “nós”.

Aqui não vale salvar ideias… mas os relacionamentos.

Senti muito isso no final da conversa. Não existia acordo. Continuávamos cada um a pensar da mesma maneira, mas sentia uma alegria muito grande de poder ter alguém com que eu pudesse dizer coisas tão profundas e edificantes.

A troca, as diferenças e o conflito de ideias servem para nos fazer mais humanos, para ajudar a nos abrir ao diferente, que tem o mesmo fragmento de verdade que as nossas ideias carregam.

O que “mais vale” são as pessoas e não uma ideia, ideologia, elas são meios para vivermos melhor em comunidade, mas se são causa de guerra, de indiferença e do Mal, não podem ter o mesmo valor que um ser humano.

Prefiro abrir mão da necessidade de expor o que eu penso para preservar esse relacionamento com minha colega. É graças a ela que sinto uma enorme alegria de contemplar a criatividade de Deus, por meio das diferentes concepções de mundo e felicidade.

Aqui não vale salvar ideias… mas os relacionamentos.