O menino do vilarejo sempre quis alcançar o limite máximo do “martelo atômico”, que testava a força de quem se propunha a martelar a base do brinquedo.
Desde pequeno ele pagava uma ficha no parque para martelar e ver as luzes se acendendo até chegar lá em cima. Porém nunca chegou ao topo, pois nunca havia golpeado o brinquedo com a força necessária.
Essa imagem me veio à cabeça no momento em que entendi a relação do prazer com ou sem amor e a implicância disso na nossa vida afetiva.
Sempre me recriminei por não saber diferenciar o que é natural (e saudável) daquilo que pode ser prejudicial em qualquer tipo de relacionamento. Assim, a busca do equilíbrio é de certa forma árdua, principalmente se existe o propósito de seguir o caminho da Felicidade (cristã) de maneira o mais coerente possível.
Assim, em um desses muitos pensamentos, entendi o porquê da importância de não estimular o prazer, antes que não exista amor suficiente para que ele seja sustentado. É como se não houvesse “aquela força” necessária para golpear o brinquedo do parque, a fim de alcançar o topo.
Sem o amor, as luzes se ascendem, se sente alegria, prazer, mas não de forma plena, pois sempre falta alguma coisa, difícil de explicar. O amor sustenta o prazer como um farol diante de um débil foco de luz em meio ao solitário oceano noturno.
Dessa forma os limites naturais de cada relação não devem ser ultrapassados, mesmo tendo de ser cultivados, para manter relacionamentos saudáveis. É preciso antes treinar bastante, fazer musculação, para depois ter força para chegar ao topo do brinquedo.
Dessa forma o diálogo, o companheirismo, tão difícil e ao mesmo tempo, tão mascarado na grande maioria das relações, precisa ser constantemente trabalhado para fortificar ao ponto de, quando se estiver preparado, alcançar o ápice do “jogo”.
É uma conclusão simplória, mas bem clara. Ajudou-me a perceber o porquê de muitas vezes não sentir a tal felicidade almejada. Estava golpeando o brinquedo sem ter a força necessária para alcançar o topo. Estava gastando as fichas à toa.