José nasceu empresário. Daqueles com a clássica história do “nasceu pobre e conquistou cada centavo”. Porém, como bem se sabe, no Brasil, conquistar um alto patamar financeiro, tantas vezes pressupõe, além do enorme sacrifício individual, sonegação de impostos e exploração trabalhista.
Difícil mesmo acreditar que toda a fortuna de José foi conquistada com esforço cristão, procurando seguir cada mandamento que a doutrina estipula, mas como não há provas e nem confissão, ninguém pode julgar.
Nesses tempos de crise, muita empresa já quebrou por vaidade, por presunção, irracionalidade ou mesmo burrice em achar que essa lógica autofágica do capitalismo iria sobreviver por muito tempo.
No caso da empresa de José foi a mesma coisa. Passou grande parte do tempo sonegando impostos e negando direitos trabalhistas aos funcionários em prol do lucro agressivo.
Porém a sustentabilidade da empresa já havia chegado ao limite, já havia cortado todo tipo de custo, mas faltava diminuir o número de funcionários.
Pensou, pensou, mas não encontrava justificativa para sua atitude. Já havia na empresa um número escandaloso de funcionários que incorporaram funções de dois ou até três cargos. Precisava de uma grande oportunidade.
Para a felicidade de José e outros milhares de empresários, no primeiro dia de agosto de 2007, as perdas de crédito do setor imobiliário se alastraram no país dos irmãos ricos do norte.
Assim, a crise tem sido a melhor desculpa para justificar o corte da mão de obra, sem direito a repúdios trabalhistas.