“Quarenta anos foi o tempo que o povo de Israel esperou até chegar a Terra Prometida, por 40 dias Cristo se retirou no deserto, enfrentando as mais temidas tentações“, foram as últimas palavras que ouvi antes de…
Quando vi estava caminhando ao lado de um barbudo que já tinha algum tipo de registro dentro do meu inconsciente. Levava um cajado e já aparentava ter uma certa idade. Olhando para trás percebi uma grande quantidade de pessoas, que me lembraram das passeatas que sempre acontecem na Avenida Paulista.
Olhei para o senhor e senti uma grande admiração, quarenta anos caminhando para chegar “sei lá onde”, nesse sol absurdo (quase indonésio) e com tanta gente acreditando nele? Isso sim que era coragem.
Continuei caminhando com ele e quando menos percebi, tropecei num grande livro que rapidamente retirei da areia e abri.
“Quaresma é tempo de oração, penitência e esmola! É tempo de purificar a alma para assim poder escolher a cruz na sexta-feira da Paixão“, dizia o padre e acabava de me dar conta de que havia adormecido.
Comecei a refletir no como eu poderia viver bem esse momento especial, procurando ser um cristão verdadeiro e lembrei de tantas coisas que eu poderia me “abster”, coisas que gosto, para viver o tal jejum.
Decidi também viver melhor as práticas cotidianas de orações, de manhã e de noite, antes das refeições e procurar todos os dias ir à missa e rezar o terço. Durante esses 40 dias talvez seja também uma forma de me aproximar desse Deus que tanto posso contar.
De repente, olhei para o chão e percebi estar na beira de um penhasco, ao meu lado vi um homem, que demorei para entender quem era, admirando a paisagem. “Vá embora, Satanás, porque a Escritura diz: ‘Adore o Senhor seu Deus, e sirva somente a ele“, gritou e me dei conta de que alguém estava dizendo alguma coisa para ele esbravejar com tanta força.
“As tentações acontecem no deserto. Por quê? Quando os hebreus saíram do Egito, lugar da injustiça, chamados por Deus para criar uma sociedade justa, eles entraram no deserto. É o lugar das dificuldades e necessidades, onde aparece a cada momento a tentação de voltar atrás, achando que nenhuma transformação é possível. Jesus retoma essa parte da história do seu povo, e os quarenta dias de jejum recordam os quarenta anos de Israel no deserto, antes de entrar na Terra Prometida, onde haveria justiça e vida para todos“, foi o que ouvi, acordando novamente e me dando conta do tamanho cansaço herdado do Carnaval.
Mas faltava a esmola. O que poderia dar? O que tenho? Pensei que concretamente não haveria mesmo muita coisa de valor, mas lembrei do capital intelectual que poderia também ser usado de maneira especial durante a Quaresma, mostrando que também nele Deus se faz presente.
Assim estava pronto para viver bem esse período, de coração aberto, certo que serão dias repletos de “tentações”, mas que fará mais verdadeiro o beijo na cruz que nos aguarda.
Geisa Barra
Oi Valter!
Entrei por aqui através do fratmídia.
Primeiro, chamou minha atenção de cara o título do texto. Ficou marcado na minha mente e na minha alma o beijo da cruz que dei durante a páscoa vivida na escola gen em Loppiano. É bem isso, um beijo verdadeiro.
Depois a forma como misturastes os fatos bíblicos com teu dia-a-dia. Estou contigo nessas pequenas grandes ações durante a quaresma!
Ah, estou lendo este livro também!
Grande abraço, Gei.
Ethel
Imbuido de muita sensibilidade e AMOR! Grazzie carino fratello. Baccio Ethel