Acordo de manhã e ouço a batida do samba,
Não sei se é Zeca, Cartola, Noel ou se é Jorge Aragão,
Só sei que é nessa batida do samba, que ando ligeiro,
Com todo gingado, seguindo mansinho,
rumo à estação.
Chegando lá,
vejo malandro correndo,
Gente sorrindo
e menino pequeno pedindo.
Tento me consolar
com essa triste situação,
Mas o samba, por mais que eu não queira,
continua alegrando
meu coração.
Pego o metrô lotado,
E mesmo ao lado
do pessoal de humor “meio virado”
Continuo lembrando do berro gostoso da cuíca
Na próxima estação o povo desce
E sou eu um dos poucos passageiros que fica.
O no “devagar devagarinho” do Martinho da Vila
Vou dando passos lentos,
sabendo que lá no Poupatempo vai ter fila
E vou caminhando, com tanta leveza,
que pareço estar na roda de samba
Só paro de sambar
quando vejo uns bandidos num carro,
atirando em cima da caçamba.
Tento me esconder e lá vem tiro,
“salvem-se quem puder”.
E nessa vida maluca,
quem gosta de samba,
tem que aprender a correr,
sem perder o gingado no pé
A confusão passa, eu volto pra casa
e por mais que o povo se revolte,
continua tudo igual.
Por isso vou vivendo
e aprendendo a dançar,
no gingado do samba,
que faz o dia mais especial.