Que a participação brasileira nas Olimpíadas chinesas foi um vexame, acho que não é preciso acrescentar mais nada. Ainda mais diante de toda a expectativa que foi gerada em torno dos atletas tupiniquins.
O humilhação só não foi maior, porque boas surpresas como César Cielo, Maurren Maggi e a equipe feminina de voleibol douraram a nossa decepção.
Ficou mudo o grito de “Brasiiiiiiiiiiiiiiiiil” do Galvão Bueno e talvez fosse mais adequado gritar a cada “vitória”: “BRONZIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIL!!!
Mas, em compensação, estamos gozando da melhor participação da delegação brasileira paraolímpica, no mesmo palco onde brilharam os atletas considerados “normais” ou “sem necessidades especiais”. Enfim, não é preciso nenhum juízo de valor, pois os números dizem tudo:
JOGOS/ MEDALHAS |
OLÍMPICOS |
PARAOLIMPICOS* |
OURO |
3 |
15 |
PRATA |
4 |
13 |
BRONZE |
8 |
17 |
TOTAL |
15 |
45 |
NÚMERO DE ATLETAS |
277 |
188 |
MODALIDADES |
32 |
17 |
*Os jogos ainda não acabaram
Na média, 5,4% dos atletas brasileiros ganharam medalhas nas olimpíadas, enquanto 23,9% foi a porcentagem dos paraolímpicos que ganharam medalhas até agora. Exatamente o triplo do número total, mesmo diante de uma delegação com quase 100 atletas a menos.
E as respostas? Quem dará? As especulações são inúmeras.
Antes das olimpíadas diziam que nunca havia sido investido tanto dinheiro na delegação que iria representar o país nos Jogos Olímpicos. E porque então o vexame? Em compensação, sabe-se muito bem de toda a deficiência administrativa que existe no suporte aos portadores de necessidades especiais. E por que o ótimo desempenho?
Enquanto o melhor nadador brasileiro das Olimpíadas chorou com um singelo ouro e um “heróico” bronze, (pouquíssimo, se comparado as 8 medalhas conquistadas pelo americano Michael Phelps) o “Phelps brasileiro”, Daniel Dias, ganhou 4 ouros e 3 pratas nas Paraolimpíadas.
Sim, é verdade que as categorias são bem mais segmentadas e as chances de vitória são mais concretas. Mas isso só serve de desculpa para justificar o fiasco olímpico. Nada mais.
Antônio Tenório é o exemplo claro de sucesso brasileiro nas Paraolimpíadas da China. O atleta conquistou seu tetracampeonato seguido e dedicou essa medalha para si “e para todos os brasileiros” que torceram por ele. “Muito obrigado a todos é um prazer levar essa alegria a todos os brasileiros”, disse o tetracampeão. Antônio Tenório perdeu a visão de um dos olhos ainda quando criança, após receber uma pancada no rosto numa brincadeira com os amigos. Uma infecção acabou tirando a visão de seu outro olho. Após ficar cego, ele intensificou os treinos para poder defender o Brasil na Paraolimpíada.
SIM! Presto minha homenagem a esses brasileiros batalhadores, que não só venceram seus adversários, mas lutaram contra si mesmos, o preconceito e a falta de esperança. Cada medalha de ouro, prata ou bronze conquistada pela delegação brasileira paraolímpica merece palmas, merece festa, merece lágrimas e sorrisos dos quase 200 milhões de corações do país.
Espero que o Lula, o Polvo, o Tubarão e todos os políticos populistas que estão lá em Brasília sem ter muito que fazer, preparem muitas medalhas de honra para a delegação paraolímpica, que os jornais façam especiais, pôsteres e o Fantástico faça um bloco de homenagens e perfis, pois esses atletas são o exemplo concreto que, não basta ir à uma olimpíada, é preciso lutar e preservar o espírito guerreiro que o esporte gera nos seus praticantes.
Parabéns atletas paraolímpicos! Vocês são mais que especiais! São exemplos.
Gisele Brito
A comparação só seria valida se fosse feita entre o investimentos estatais e privados para os atletas não paraolímpicos e os paraolímpicos de cada país.
Somente no final de 2007 foi aprovado uma lei de incentivo para o esporte, que transferiu, e se não me engano, só em 2003 foi criado o ministério dos esportes. Ou seja, só recentemente começou a se estabelecer uma política pública esportiva para o país e os resultados dela ainda não surgiram e quando surgirem, com o nível de investimentos atuais, não darão resultados equiparados com paises como a China, EUA ou Cuba. (É bom perceber que os esportes que ganharam medalha nas Olimpíadas são praticados por uma elite.)
Nessa gestão orçamentária apenas , 11 milhões dos 142 disponíveis para formação de atletas de alto rendimento foram usados (dados de agosto). Isso sim é uma distorção.
Henrique
Confesso que não fiquei surpreso com o desempenho da equipe olímpica brasileira, pois, todos nós estamos acompanhando que neste país não há investimentos para os esportes olímpicos, a conclusão só poderia ser uma participação olímpica medíocre.
Acredito que isso seja muito bom, pois se nossos “heróis” trouxessem mais “ouros” duvido que algo seria feito para melhorar os investimentos.