Month: August 2008

Oásis no deserto do Eu

HuacachinanoPeru

A gente nem sabe mais o que fazer
Só sabe que precisa ser feliz e ponto.

A gente nem sabe mais o que dizer
Só sabe que todo mundo já ta cansado de ouvir conto

A gente nem sabe mais o que escrever
Só sabe que as minhas poesias são mesmo “coisas de tonto”

Só sei que nada sei
Nada sei dentro do pouco que acho que sei

Escrevo, logo existo
Não quero mais estar aqui, eu insisto.

Mas existe sempre uma força desproporcional que me empurra
A não cair em questionamentos e nas mesmas crises burras.

E olhando ao redor, revejo tudo aquilo que já foi meu
Suplico e então descubro neste oásis no deserto do Eu
Alguém que está se comigo
E que chamo e clamo por meu Deus.

Crise pessoal

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Enquanto intermitentemente tenho que me acostumar com as tristes despedidas
Procuro uma forma de amar de maneira singela e concreta
Até que o coração vai acolhendo-as, pouco a pouco
E acreditar no amor parece a única saída

Nas dores e alegria de cada dia consigo permanecer
nas derrotas e na omissão coletiva de quem respira
nas alegria de quem tem pouco, deseja, e quem aspira
mesmo se quase sempre não tenho outra coisa à fazer

Assim, aprendo a lidar com as frustrações constante que a existência permite
e no final das contas é 0X0, estamos quites
e mesmo sabendo que elas irão se repetir não importa aonde esteja
prefiro acreditar também nas pessoas, quem quer que seja

Procuro inspiração nos imensos girassóis que buscam o calor do Astro
para que eu tenha forças, mesmo que poucas, para não perder o compasso
E nessa condição que nos encontramos, vivo cometendo deslizes,
mas nada me faz crescer mais, do que essas constantes e dolorosas crises.

O encontro do Pequeno – alegria com a Menina que perdeu o assovio

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“Pra sempre, permanece a sua vida,
Luz, nata da eternidade,
Um Obrigado, grande e infinito,
Á Deus, por você.”

Os versos dessa canção, em italiano, eram a trilha sonora de uma caminhada longa, dentro de um túnel escuro, que eu não imaginava aonde iria chegar. Aos poucos a luz externa foi preenchendo a escuridão e ao sair do túnel contemplei um imenso Jardim, plano como os pampas argentinos, mas repleto de flores coloridas.

Demorei um pouco para acostumar a vista e quando me dei conta da beleza do lugar, senti subitamente uma felicidade rara e profunda.

Em um balanço estavam dois conhecidos, uma senhora e um senhor, ambos velhinhos, conversando como se não tivessem se encontrado há muito tempo. De repente, vi que eles se recolheram como se estivessem rezando. Sorri porque imaginei que aquele era um encontro esperado.

Porém, o que mais me cativou foi ver lá longe, duas crianças brincando, correndo e logo me dei conta que também as conhecia. A Menina que perdeu o assovio ria alto, estava tentando fugir do Pequeno – alegria, que tinha acabado de chegar ao grande Jardim.

Pequeno – alegria tinha passado por tempos difíceis. Antes de chegar ao Jardim não podia correr, pois sua perninha doía muito. Mesmo assim ele sempre teve o sorriso estampado no rosto. O menino era esperto como poucos. Encontrava explicações inteligentes para questionamento complexos, coisa que nem adulto conseguia às vezes entender.

Mas o Pequeno – alegria tinha uma grande vontade de correr, jogar bola, como todas as crianças da sua idade, só que para isso precisava ir morar no grande Jardim.

Todas essas explicações eu ouvi de um Senhor alto, cabeludo e de barba feita. Tinha uma sensação engraçada de já tê-Lo visto em muitos outros lugares, mas estava tão compenetrado em entender aquela situação que não me prendi aos detalhes do meu interlocutor.

Continuei caminhando em direção às crianças que brincavam até que ambos me reconheceram e começaram a correr na minha direção, de braços abertos. Sem me conter, também abri os meus e quando nossos corpos se encontraram…

_Que? Partiu? O Rafinha?
_ Sim, as 5:10hs.
_ Descansou, que bom!

Acordei atordoado, sem entender aonde estava, mas percebi que o Pequeno – Alegria tinha mesmo se encontrado com a Menina que perdeu o assobio.

(Texto em homenagem ao Rafinha, menino de 4 anos, filho de um casal vizinho de apartamento, que cresceu ao nosso lado e que hoje faleceu por conta de um câncer que há quase dois anos o acompanhava. Rafinha foi a criança mais sorridente e divertida que pude conhecer. Fica um mix de dor e alegria por ter sido agraciado com a sua presença e o seu sorriso)

Martírio cotidiano

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Que labuta aprender a sorrir, sem a mínima vontade de me levantar da cama
Que difícil é transparecer alegria se interiormente só me resta um profundo vazio.
Viva essa vida com as dores e alegria cada dia.

Que labuta é querer viver, se só vejo partir gente que realmente ama
Que difícil é continuar acreditando quando penso e me sinto completamente sozinho
Viva essa vida com as dores e alegria cada dia.

Vivo encontrando maneiras de encarnar as mesmas frases de incentivo que acreditava outrora.
Mas vejo que a força vai diminuindo e não consigo mais ser o mesmo agora.
Viva essa vida com as dores e alegria cada dia.

Mas não desisto ainda, pois na Palavra encontro conforto o sossego que minha alma clama
Mesmo se parece impossível superar mais essa prova.
Viva essa vida com as dores e alegria cada dia.

(obrigado Paulinha!)

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