Estava mergulhado nas tarefas do dia – a – dia quando recebi uma ligação dizendo que a menina que perdeu o assovio tinha ido embora.
Fiquei assustado, mesmo sabendo que àquele sábado era realmente o nosso último encontro.
Fui correndo abraçar a mãe da minha grande amiga, sentia uma dor sufocante e a vontade de só estar ali, ser útil, com sorrisos ou lágrimas. Não tinha muito que fazer.
A dor e a tristeza se confundiam com a imensa alegria das recordações, dos sorrisos, dos abraços, das risadas e conversas até tarde da noite.
Eu sabia que a menina que perdeu o assovio é que tinha decidido ficar com o pessoal da Grande Sala, mas tinha um sopro de esperança de que o Senhor barbudo iria ouvir a minha sugestão. Mas, não foi assim e a menina que perdeu o assobio se foi.
O que ninguém esperava eram as inúmeras homenagens. Todos aqueles que puderam desfrutar da amizade da menina estavam lá, se despedindo e agradecendo Àquele que possibilitou o encontro com a menina.
Desde que a menina que perdeu o assovio se foi, não paro de pensar na brevidade da vida, na maneira com a qual tenho aproveitado cada momento, o quanto tenho amado os que estão à minha volta, consciente de que realmente as despedidas ainda serão muitas.
Olhando uma foto com uma frase muito bonita, preparada pela menina que perdeu o assovio, entendi que devo me preocupar somente com ela. “Viva essa vida com as dores e alegrias cada dia” e só.
O corpo da Paulinha foi velado às 18hs na capela do Colégio Santa Marcelina, onde ela estudava. Durante a missa muitos foram os testemunhos de alegria e admiração pela transformação que a convivência com a Paula gerou no coração de cada um. Depois de 17 anos vividos de forma sublime, com todas as implicações que a Fibrose Sística exigia, Paulinha fez sua última viagem para Frutal, sua cidade natal, para ser sepultada hoje, ao lado de sua avó materna que tanto amava.
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Para sempre Paulinha – Revista Cidade Nova – outubro de 2008