Month: July 2008 Page 1 of 4

Sísifo e o Sessentão sorridente

Sísifo foi condenado pelos Deuses a levar durante toda a vida uma enorme esfera de pedra até o cume da montanha mais alta do universo. Lá ela escorregava das costas dele e rolava novamente para o pé da montanha e o homem tinha novamente que levá-la até em cima.

Já tinham se passado mais de 2 milhões de anos realizando essa árdua tarefa até que um dia um senhor sorridente, de estatura baixa, cabelo crespo, aparentemente sessentão, tentou abordar o homem e perguntar o que estava fazendo.

_ Cumprindo as minhas obrigações – respondeu sem paciência Sísifo

_ Você quer um cafezinho, um pão frito? Perguntou o senhor.

_ Hum…. quero.

E lá foi o sessentão preparar o lanche para Sísifo.

Depois de comer, carregando a pedra, logicamente, Sísifo agradeceu o sessentão e continuou seu trabalho.

No dia seguinte o senhor voltou e fez as mesmas perguntas e Sísifo aceitou novamente o lanche oferecido.

Por todo o mês, todos os dias, o sessentão voltava e fazia a mesma pergunta. No início ele foi aceitando, mas chegou um dia em que ele disse não, de maneira até um pouco estúpida.

_ Mas você não vai comer nada? – disse preocupado o sessentão,

_ Não te interessa  – respondeu Sísifo.

O sorridente homem ficou cabisbaixo, sem saber o que dizer e se retirou. Durante algumas semanas passava por ali, sempre a gritar e oferecer, mas recebia um não cada vez mais decidido de Sísifo.

Para o Sessentão o poder servir significava muito. Não é que sabia fazer inúmeras coisas, mas aquilo que ele sabia, procurava sempre doar para as pessoas de maneira concreta.

Um dia, caminhando pela estrada, pisou nos espinhos de uma grande e bela roseira. Ficou gritando ofensas por quase uma hora, mas quando percebeu que aquele encontro não era por acaso, correu para casa e pegou um grande balde de água para regar a planta. Havia encontrado “alguém” que aceitava seu amor, mesmo que às vezes, ele acabasse se machucando com isso.

Poesia em homenagem ao Sessentão mais importante da minha vida: MEU PAI, que hoje completa mais uma primavera. Posso dizer que conheço poucas pessoas que amam concretamente como ele, mas tantas vezes não dou valor a isso, como Sísifo. Contudo, ele continua me amando, independente de qualquer coisa.

Síndrome de Peter Pan

Síndrome-de-peter-panSabe quando a gente passa a se reconhecer dizendo as mesmas coisas,
Tendo os mesmos tiques nervosos, até gaguejando,
Que a gente entende que realmente chegou a hora de ceder
E aceitar que, enfim, crescemos?

Sabe quando a gente tem uma quantidade tão absurda de empenhos
Tendo que fazer escolhas decisivas ininterruptamente
Que a gente entende que não dá mais pra fugir e crer
Na possibilidade seguir adiante sem crescer?

É essa a sensação terrível que sinto.

Uma vontade enorme de conservar meu espírito Peter Pan
Me faz mergulhar numa realidade triste, quase inaceitável
De perceber que as alegrias da vida serão transformadas
E tudo aquilo que tinha, deverei perder o quanto antes.

Reconheço-me mais do que nunca em meus pais,
As vezes certo, seguro, outras indeciso, impuro.
Mas, também me reconheço na esperança do amor.
E me dou conta que tudo é mais um vão temor.

Conflitos

Quanto tempo a gente perde querendo justificar as discordâncias
Em vez de investir no amor, na paciência e na nossa tolerância.
Quanto tempo a gente perde com brincadeiras fora de hora,
Em vez deixar que as discussões não nos façam querer ir embora.

E se a gente não entende que os erros devem servir de aprendizado.
Não conseguimos crescer, obter nenhum resultado.
Por isso, talvez seja melhor não deixar-se irritar por motivos bobos.
E nos rendermos a um amor maior e sempre novo.

Para que ele sobreviva, mesmo a distância;
Pra que a gente saiba dar valor e a verdadeira importância.
Vamos em frente juntos, sem medo de recomeçar

Para que a gente se ajude, mesmo estando longe
Pra que a gente saiba ter a serenidade de um monge.
Vamos em frente juntos, sem medo de recomeçar.

Última saída

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E enfim o que me resta?
Servir.
E esse não é só o encadeamento de letras que indicam uma ação.
É uma escolha totalitária.

Diante de um mundo sem diretrizes seguras, sem instituições, sem controle,
Só resta, enfim, servir.
Para que ao menos nos nossos ambientes seja possível se descobrir o sabor da paz, do respeito, da unidade.
E mesmo que tudo micro, não vai ser sonho, mas a mais pura realidade.

E às vezes, estaremos completamente sós.
E o que vai valer?
Amar.
E não vai ser uma simples opção, mas uma escolha definitiva.
Será a primeira ação verdadeiramente inclusiva.

E assim, o amor vai nos lapidar,
Nesse martírio contínuo que é a vida plena.
Mas no amor, o que vale é amar.
No fim da vida, tudo vai ter valido à pena.

O presente mais bonito

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Ganhei talvez o presente mais bonito do mundo,
Não era brinquedo, não era roupa, era um sentimento profundo.

Tem gente que briga e luta para sentir isso, independente da idade.
Tem gente que chora e esperneia, pra amar alguém de verdade.

Mas eu, não por mérito, mas porque é a minha experiência;
Pude fazer desse sentimento, motivo de tão pessoal existência.

Só que na incapacidade de transformar pensamento em ação.
Às vezes me questiono se esse é um exercício de uma “macro lição”.

Amar não é simplesmente sentir uma alegria interior pelo outro
Não é questão de um ano, dois, seis, ou dezoito.

É mergulhar em um mistério verdadeiro, difícil de explicar.
E quanto mais a gente ama, maior é a vontade de viver e de sonhar.

Claro que o amor de verdade é um simples “encaixe de lego”
Aí não vale ser peça sozinha, não adianta encher o próprio ego.

Vale mais se doar, viver pelo outro, servir.
E assim, mesmo que o amor não dure, ou que o tempo passe.
Um alegria profunda de “missão cumprida” vai persistir.

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