Tem gente que usa o discurso da honestidade individual para não se mobilizar em prol dos mais necessitados.
E não estou falando de lutas político – partidárias, mas do recobrar a própria sensibilidade diante dos pobres, sobretudo as crianças, que vemos cotidianamente estirados pelas calçadas das grandes metrópoles.
Dói mais quando me dou conta de que olho a marginalização, a miséria, com descaso, do que quando tento me colocar no lugar desses necessitados.
O pior é que existem que pessoas que usam da ascensão honesta, edificada pelo esforço pessoal, para justificar a própria passividade diante dos problemas sociais, principalmente os urbanos. Afinal de contas: “eu não tenho culpa de ter nascido rico… ou… todo mundo que quiser, por meio do esforço pessoal, pode alcançar os próprios objetivos”.
Sim! É verdade que a honestidade, a determinação, são valores louváveis de admiração e respeito. Mas, esse construir a própria estrada, só tem valor social, se possibilita que de tudo isso possa emergir também a solidariedade.
A ética é um conjunto de regras básicas, condutas individuais, que possibilitam o bem estar social. Sem o bem de todos e com a predominância de um favorecimento seccionado dos benefícios cidadãos, é demagogia pensar em uma Nova Sociedade.
Também as lutas fundamentalistas de classes não têm sentido, (os trabalhadores do campo, os pobres, os negros, as mulheres…) não se desenvolve a capacidade de deixar que a dialógica seja a base das novas propostas.
O que é consenso, ao menos entre a minha razão ética e a minha individualidade subjetiva, é que existe uma necessidade latente de não justificar nosso conformismo, com atitudes que deveriam ser obrigatórias (a honestidade, sobretudo). Sem um “algo mais” é impossível mudanças concretas… Fica tudo no discurso.
Daniel Fassa
Fantástico o post, Vart!!! Estou de pleno acordo. Gostei muito do último parágrafo: “existe uma necessidade latente de não justificar nosso conformismo, com atitudes que deveriam ser obrigatórias”. Uma boa inspiração pra nossa reunião de JPMU hoje à noite! Vc vai?
grande abraço
Nati P.
Tinho da Xérox,
O começo do seu texto é uma coisa que sempre me incomodou muito. Nunca me conformo em ver pessoas queridas, que me tratam tão bem, desdenhando de outras porque estão em situações críticas, pedindo ajuda.
Pra mim sempre foi muito claro que nem sempre a situação de cada um depende só de seu merecimento.
Por outro lado, trata-se de um assunto complicado. Exatamente por não gostar de ver outras pessoas pedindo esmola, não me sinto bem em dar. Não acho que esteja ajudando, embora não fazer nada também não traga nenhum efeito. Apesar disso, um olhar digno a qualquer um, acho que é essencial. O esforço para compreender e aceitar o outro já é um bom começo para relações humanas decentes, e isso em todos os campos.
beijos!