Drama do estagiário

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Para explicar meu pensamento, preciso antes definir o meu arquétipo de adulto. Não somente usando as raízes etimológicas da palavra, mas também por meio de um argumento subjetivo, pessoal, desta minha explanação. Adulto, no dicionário on-line Priberam quer dizer: “aquele que saiu da idade da adolescência e atingiu a maioridade”, “que atingiu o seu pleno desenvolvimento” e “que alcançou a maturidade intelectual”.

Já há três anos venho amargurando as condições precárias de trabalho (nem sempre materiais, mas, principalmente, sociais) que, como estudante, encontro nos estágios disponibilizados pelas empresas na área de Comunicação.

De jeito nenhum quero desmerecer as oportunidades que me foram dadas de aprender tantas coisas, como na Análise Editorial e mesmo agora na CBA (Companhia Brasileira de Alumínio). Porém, sinto-me sub-aproveitado, limitado aos trabalhos braçais, de pouca importância, no que talvez pudesse estar produzindo conhecimento, dando idéias novas, fruto da grande oportunidade que tenho de pensar comunicação dentro do universo acadêmico.

Mas, por conta desses que já alcançaram a tal “maturidade intelectual” e que por isso detêm a verdade, continuo sendo limitado ao mínimo, até pegando cafezinho pra chefe.

Enfim, não existe um desrespeito físico perante o estagiário, mas um desrespeito moral, em que pessoa, por não estar enquadrada em um status definido, ainda percorrer o “caminho das incertezas”, acaba sendo desdenhada com uma certa freqüência.

Por mais que as pessoas desmintam, é evidente o olhar superior diante de “aprendizes” pelos “já formados” (adultos), acostumados com os padrões postulados pelo tempo de experiência e que muitas vezes consideram os jovens inexperientes, puros e até mesmo ingênuos.

A minha conclusão é que o grande problema disso tudo não é o simples mau – estar causado ao estudante em começo de carreira, mas a manutenção dos paradigmas que impossibilitam mudanças radicais, criativas e acabam por “amordaçar” o futuro profissional, freando as possibilidades de um desenvolvimento geral em relação a conceitos e processos.

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3 Comments

  1. Alessandro

    Valter,

    No meu primeiro estágio, no site Oba Oba, além de ganhar mau, fazia trabalhos braçais, era menosprezado e ainda recebia mal pra danar. Por isso, infelizmente, o que tenho a lhe falar é que devemos procurar algo que nos agrade, algo que nos estimule a acordar às 6h da matina diariamente para ir ao trabalho. Por sorte, no Santander, tenho um chefe recém-formado (24 anos). Dessa forma, ele me dá mais autonomia e confia em mim. Produzo bastante, palpito nos textos, edito textos de outros estagiários e ainda dou um pitaco no layout do boletim.

    Sei que é exceção esse tipo de coisa. Na maioria das vezes, o que vemos é o desprezo pelo estagiário. A famosa mão-de-obra barata. Também estou cansado disso. Portanto, uni-vos contra os gestores opressores. Busquemos novas oportunidades! Felizmente, ainda que poucos, há locais nos quais o trabalho do estudante é valorizado.

  2. Daniel Fassa

    Fala, Vart!!!

    Concordo com o Alessandro! Procure outros estágios, cara! Por quê você não experimenta uma redação de verdade? Um local em que você tenha que ir atrás das reportagens, cobrir eventos, fazer entrevistas, encontrar notícias. Mesmo que seja um veículo com público limitado, direcionado, etc… Há muitos lugares que contratam estagiário pra fazer trabalho de jornalista formado. Isso tem o lado bom, que é dar oportunidade ao jovem e aproveitar suas potencialidades. Mas também tem o lado ruim, que é pagar mal e substituir a mão de obra de um formado pela de um estagiário.

  3. Branca de Neve

    Valter,

    Esse texto não poderia ter vindo em melhor hora. Caiu-me como uma luva!

    Bom, eu trabalho na Análise Editorial então…acho que não preciso dizer mais nada, a empresa fala por si só não é mesmo!? =/

    Bjos e sucesso pra vc!

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