Submeto-me a olhar minha cidade sem pré-conceitos
Mesmo se é escuridão o que ela cotidianamente me sugere.
E quanto mais passa o tempo, aqui, me sinto menos humano.
Mas na verdade é tudo um grande e imenso túnel subterrâneo.
E nesse subterrâneo em que se encontram os marginalizados,
Lugar em que jaz sorridente a indiferença burguesa para o disfuncional.
Subo as escadas que me levam das profundezas ao ponto almejado.
Para que não tenha a impressão de fazer tudo igual.
Mensagens subliminares só me são poupadas ali, no subterrâneo,
Mesmo que os outdoors dos metrôs insistem em vender seus produtos.
O mundo em que vivia Flauneur encontra agora, se não me engano,
No mais profundo e complicado descaso absoluto.
Caminho, cheio de gente ao lado, mas quase sempre sozinho,
Buscando sobrepor tudo o que é subjugado.
Fazendo poesias, cantando versos de canções, tudo eu declamo.
Nas profundezas desse meu, nosso mundo subterrâneo.