Day: 19 March 2008

Lamentos de um sanguessuga II

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Sou um parasita de humanos.
Nutro-me do meu próprio e sujo sangue,
Sugando-o em uma hemodiálise canibal.
Foi ela que me fez ignorar a importância do “outro”,
E então concluir que sou mais um monstro espelhado,
Refletindo mais de mim mesmo
E menos de quem gostaria de ser.

Prefiro me fechar em meus limites, defeitos e pecados,
Por medo de assumir minha culpa.
Engano-me com uma felicidade desgostosa,
Aceitando atuar em um monólogo vazio.

Sou um verme vetado a morte, não de fome,
Mas de inutilidade.
Cansando-me de olhar no espelho e não me ver.

O profundo, um dia fecundo.
Hoje, cada vez mais, é moribundo.

Declaração de amor

Declaracao-de-Amor

Hoje acordei e lembrei que te amo,
Não, não! Engana-se se pensa que foi engano.
Pode até ter sido mais um dos meus lapsos d’alma
Que intermitentemente vêm e o coração acalma.

Saber-te comigo e ver que também sou seu amigo
Tira possíveis temores de qualquer banal perigo.
E deste amor conquistado, sofrido, lutado.
Constrói-se, dia após dia, um futuro ilimitado.

Amo-te não só porque compartilhamos o mesmo Ideal
Nem mesmo porque enxergamos Deus de maneira igual.
Na verdade o que aquece o meu coração é a alegria
E a certeza em saber que foi Ele que nos quis junto um dia.

E agora os meses passam e continuo acordando lembrando que te amo.
Nem sempre expresso claramente, outras vezes, como essa, declamo.
O tempo, a distância, as dificuldades, são obstáculos banais, eu penso.
Porque o que construímos nessa realidade humano-divina é um amor imenso.

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