Month: January 2008 Page 3 of 4

Insanidade

insanidade

Sabe quando a gente descobre que, quanto mais a gente tenta fugir de nós mesmos, mas acabamos reencontrando os sentimentos que outrora desejávamos que desaparecessem?

Pois é, parece até brincadeira mas passei um bom tempo tentando redimensionar alguns aspectos que necessitavam mudanças, um longo processo de desconstrução pessoal, para me dar conta, agora, que a Roda Viva completou seu ciclo.

Não que isso me assuste ou que deseje sair ou entrar em outro ciclo, não é isso. Fico somente lisonjeado que, ao recuperar a minha sanidade espiritual, recebi de brinde todos os sentimentos e dúvidas que havia esquecido enquanto estava adormecido.

De qualquer forma, vou “deixando a vida me levar”… tentando entender que não são nem os sentimentos nem os determinismos que vão regendo a nossa vida, mas aquela, tão ditas (ou malditas), ESCOLHAS.

A única dúvida e temor é saber que no meio de tudo isso, estão pessoas, de carne e osso, coração e alma, que devem ser preservadas ao máximo e que não podem herdar as insanidades de um ser tão confuso, tão maluco.

O meu desejo maior é entender com velocidade os próximos passos, os espaçosos degraus que tenho que subir para chegar mais perto do meu Grande Amigo e assim, poder olhar pra frente, pra baixo e principalmente para o lado e descobrir que durante todo esse martírio, estive sempre acompanhado.

Sinuca de bico

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Depois de várias tacadas.
As bolas começaram a ser encaçapadas
Uma a uma.
Algumas caíram no buraco com jeito
Outras com tacadas de efeito
A primeira, a terceira, ops e a segunda.

Com essas tacadas fui percebendo meu talento
Que vai melhorando sempre mais que tento,
Pouco a pouco.
Por mais que eu me sinta um bom jogador,
Que joga, mesmo se o braço sente dor.
Procuro sempre atingir meu escopo.

Porém, agora, diante de tantas sacadas certeiras.
Talvez essa seja a décima segunda ou a primeira
Eu não desisto.
Jogando fui cometendo erros banais,
E o foco do jogo foi ficando para trás
E agora me prostro numa sinuca de bico.

Beija-flor

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Cuida do beija-flor meu Amigo
E ajuda-o a ter forças de continuar o mesmo bater de asas, destemido.
Pois o passarinho já não tem forças pra voar com a mesma alegria
E o entusiasmo que o impulsionou um dia.

O Beija-flor ta cansado das chuvas de verão e do frio do inverno
Que tantas vezes nem consegue fazer soar seu piar mais belo
Por isso, ajuda meu Amigo o passarinho,
Pra que ele, apesar das trovoadas, nunca se sinta sozinho.

Queria ver o beija-flor voando como ele sempre quis
Planando sobre vales, buscando alimento nas mais belas flores
E mesmo se tudo seja constantes temores
Saiba que o seu canto me faz mais feliz.

Beija flor, pode nutrir-se dessa minha felicidade.
Mesmo que seja pouca, mas tenho pra você meu sorriso,
Repleto de “impurezas” dessa minha cidade,
Sinto que o seu assovio é tudo o que eu mais preciso.

Filosofismos

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O mais interessante hoje,
É perceber que eu já fiz as minhas escolhas
E agora…
Tenho que passar minha vida procurando entender o significado delas.
O mais importante agora,
É não deixar passar nem mais um dia
Sem me perguntar o porquê de estarmos aqui!
Qual a resposta para a minha equação.

O que mais quero é perguntar,
Pra saber se continuo feliz fazendo cotidianamente as mesmas coisas,
Se é possível sentir-me pleno sozinho.
Mesmo estando quase sempre acompanhado.

Tenho a minha resposta pessoal,
Que nem sempre é condescendência divina,
Mas descoberta suada, sofrida.
Mergulho no sobrenatural.

De agora em diante

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Não quero ter que passar minhas tardes ensolaradas de domingo em shoppings centers climatizados com ar condicionado sufocante.
Não quero perder tudo aquilo que me faz sentir parte do povo.
Não quero perder o batuque do samba.
Não quero deixar de viver em cima da corda bamba.
Quero continuar a desfrutar de uma felicidade,
estando consciente de todos os problemas que existem na minha realidade,
vivendo nessa tão estrondosa cidade.

Não que eu dispense uma vida equilibrada
Ou que ache que nos caminhos da vida essa é a única e certa estrada,
mas quero me sentir parte, viver a vida,
sem mergulhar no comodismo burguês de uma classe média displicente, incoerente.
Que quer fugir dos perigos sustentados pelo protecionismo e o medo,
de se dar conta que o País das Maravilhas é mesmo um conto de fadas.
Que debaixo dos viadutos vivem crianças, famílias.
O marginal é fruto da exploração do capital,
da criança pobre e do bêbado mendigo que a gente nem quer olhar.
Enquanto nós, burgueses, passamos horas nas igrejas a orar,
Esse futuro do país (?) é esquecido por um presente de poucos enriquecidos.

Quero deitar sabendo, que mesmo fazendo pouco, talvez nem o mínimo,
perceba que ainda não esqueci do olhar vago daquele pobre menino.
E assim com os talentos que me foram dados,
posso ajudar a fazer do mundo um lugar passível de ser transformado.

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