Month: December 2007 Page 1 of 3

O momento de uma vida (Versão Final) – Por Ellen Pacheco

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– Oi…!- Oi!

[Os dois sorriem e se cumprimentam com um abraço.]

O elevador segue em direção ao térreo. Passam pela catraca e se despedem:

– Eu vou por ali.

– Ah tá. Tchau!

Não, não são amigos (ainda). Mas trabalham juntos.

No dia da entrevista a vida de um deles se modificou. Foi como se um horizonte se abrisse em meio ao turbilhão de emoções que vinha sentindo. Enquanto ele contava um pouco de sua história, a vida dela passou como um flash diante de seus olhos. Ao se despedirem, a jornalista sorriu e o agradeceu (inconscientemente) por ter lhe concedido pouco mais de uma hora do seu dia para ajudá-la. Sem pressa.

Num mundo como o de hoje onde as pessoas definem caminhos para ir e voltar, é praticamente impossível “perder” tempo para escutar o próximo. Que dirá prestar atenção ao que diz o amigo. Do interlocutor só visamos consumir àquilo que nos agrada e, conseqüentemente, que é do nosso interesse.

– Porque você sempre ouve essa coisa: sua vida pode acabar de uma hora pra outra. Essa é a coisa mais normal. Se hoje você está num lugar “tal”, amanhã é capaz que as coisas mudem. Quando você vê aquilo, transforma a sua vida de uma forma absurda.

A entrevista já tinha começado, mas a gravação partiu desse ponto – da chegada à Indonésia alguns meses após o Tsunami ter devastado a região. A seguir, o estudante de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Valter Hugo Muniz, 23, relata o que viu.

– Pra mim foi muito forte chegar na Indonésia. Depois de ter uma vida abundante vivendo na Europa, e até aqui [no Brasil], eu nunca passei necessidade de nada (…), nunca passei fome, sempre tive saúde, sempre estudei. Por isso eu me considero uma pessoa rica. Mas aí você chega naquele lugar, destruído, vê uma cidade que virou deserto… Aí é o que eu sempre lembro quando conto a história da Indonésia. Bem no lugar do Tsunami, a primeira cena que você tem são as palmeiras, você chega na cidade é só palmeira… Acabando as palmeiras você vê um deserto e a cidade. Eu lembro que tinha um navio, gigantesco. Eu olhei e falei: “o que que é aquilo?” Porque você não consegue imaginar que isso é concebível. Imagina, a gente tá aqui, muito longe de Santos, chega na Paulista: tem um navio. É uma coisa inconcebível. Você só vai pensar nisso num filme. Acho que eu fiquei tentando entender o que era aquilo, porque você olha e não vê o mar. Você olha aquilo e fala: “o que que esse barco tá fazendo aí?” A partir daí você começa a entender a dimensão da coisa. (…) Um navio gigantesco no meio da cidade, em cima de cinco casas, a sete quilômetros de distância do mar. Você fica imaginando que esse navio nunca vai estar na praia, mas pelo menos uns três quilômetros pra dentro do mar, assim você tem a noção do tamanho da onda, do que a onda fez. Eu fiquei assustado, tirei um monte de foto. Fiquei muito impressionado.

O estudante e seus amigos continuaram seu percurso, quando um senhor bateu na janela do carro:

– Oi, tudo bem? Eu queria contar a minha história. Eu vejo que vocês não são daqui.

Em inglês, prosseguiu:

– É o seguinte: eu morava ali, num vilarejo com a minha família quando a gente decidiu que precisava comprar coisas pra casa, como comida. Eu falei, bom vou lá pra dentro do continente, compro as coisas e volto. Mas aconteceram alguns problemas e eu tive que ficar dois dias por lá. E aí aconteceu o Tsunami. Quando eu voltei, a minha família tinha morrido.

– Tá, mas (…) daí eu [Valter] pensei: quantas pessoas perderam a família ali? É um raciocínio que você já faz: “ah, grande coisa que a sua família tinha morrido”.

O senhor continuou:

– É, minha família tinha morrido, meus tios, meus sobrinhos, minha avó, minha mãe, meu chefe, meus vizinhos… Morreu todo mundo. Meu vilarejo tinha 500 pessoas e ficaram 50.

– Aí o cara te conta isso. Ele devia ter uns 40 anos. Imagina você com quarenta anos, perdeu tudo, perdeu o trabalho (…). O que esse cara vai fazer da vida, de agora em diante? Que motivos ele vai ter pra viver? Não tem motivo mais pra ele viver. Ele perdeu todo mundo! Eu fiquei tão chocado com aquilo que comecei a pensar nas coisas que eu tinha na minha vida, em tudo que eu tinha construído, na minha família, nas coisas que eu sempre dei valor, [como] faculdade. Isso, de uma hora pra outra, concretamente, pode ser tirado da minha vida. (…) Porque quando você fala isso e não vê é uma coisa inalcançável. A partir do momento que você vê aquilo, começa a dar valor e a pensar que “eu não vivi ainda”. Porque a que coisas eu dei valor? Aquilo me acabou, me fez repensar toda a minha vida. Eu preciso começar a viver por coisas que realmente valham a pena. Por coisas menores, as coisas mais essenciais, como, por exemplo, os relacionamentos que eu construo, as pessoas, sabe, de não perder a oportunidade de conhecer profundamente uma pessoa.

Eu o interrompo e o questiono se ele já não vivia dessa maneira. Ele diz que sim, ou melhor – achava que vivia.

– (…) Ou vivia meio que por formação familiar. Eu sempre tive essa formação, de querer o bem do outro, mas era uma coisa quase osmótica. Desde pequeno a gente [Valter e suas irmãs] sempre foi católico. Mas é uma coisa assim, tradicional né.

O aspirante a jornalista abordou o assunto no texto de abertura de seu blog, Escrevo Logo Existo – eLe -, em 24 de agosto de 2006 e nos ajuda a entender um pouco o por quê de sua escolha pela profissão:

“(…) Desde sempre fui um apaixonado por relacionamentos.Estar com as pessoas, ter muitos amigos, conversar, até por carta ou por telefone, sempre foi algo que fiz. Relacionar-me incutiu aos poucos em mim (…) a importância de [me] comunicar bem, de ser claro, profundo, para poder compartilhar melhor aquilo que vivo e experimento.”

Diz ainda que a certeza pelo jornalismo se deu no Ensino Médio e que diversos autores, como Luís Fernando Veríssimo e Rubem Alves encantaram-no o estimularam a escrever. Mas para Valter, as palavras não são meras ferramentas de trabalho. Para ele, “escrever sobre o mundo é uma ação concreta (…)” e foi nesse momento que Antônio Abujamra contribuiu para o futuro desse jovem sonhador.

“O seu questionar, comunicar o diferente, preocupar-se com o indivíduo, sem motes preconceituosos como o ‘conceito de massa’, me impulsionou a refletir, a procurar soluções, a olhar para mim mesmo e ver o que poderia fazer de forma concreta. Quis fazer igual”, conclui ele em seu diário virtual.

Embora ele acreditasse em todos esses valores, ainda não era algo incorporado. Depois de ter passado 19 meses morando na Europa e um na Indonésia, ele pôde experimentar isso. As coisas passaram a ter um sentido e foi possível perceber que não existe uma resposta para o mundo ser melhor. Sua grande descoberta foi entender que, como religião não é definidor de personalidade nem de caráter, a fé nos ajuda a sermos o que desejamos. A igreja e o fato de ser católico o ajuda a ter forças para não desistir.

– Aquilo foi o momento “X” da minha vida. Eu preciso viver por coisas que tenham esse sentido maior. Ou eu vivo por isso, ou eu corro o risco de ter uma vida vazia.

Não, Valter. De vazia a sua vida não tem nada – e nem poderia. É claro que o rapaz simpático e sorridente, com jeito de menino sapeca num corpo de homem feito, não deve ser rotulado de “estudante universitário, trabalhador, namorado, filho, jovem…”. Deve, contudo, ser lembrado por sua capacidade de cativar as pessoas e agregar valores às suas vidas. Alguém que consegue encantar e conquistar amigos por meio de um blog, bem como de textos inspirados em uma simples dor de barriga ou apenas com um “ganso” não pode ter uma vida vazia… Você é mais do que isso.

A Cidade dos Óculos Mágicos – Parte III

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Para tentar solucionar o problema duas estudantes, que se conheceram no intenso “primeiro dia de aula” do entediante curso de preparação para a injusta prova que seleciona os “mais capacitados intelectualmente” para entrar nas universidades da cidade, se encontraram para discutir estratégias.

A tão sonhada vaga para o “Mundo do conhecimento” não influenciava mundo as evidentes diferenças entre as duas moçoilas. Uma queria física a outra biblioteconomia, mostrando claramente os diferentes óculos que ambas usaram durante todas as suas particulares vidas.

Enquanto uma pensa em números e “estruturas”, fazendo valer a exatidão em que os conceitos, as formas e as equações procuram relacionar cada coisa existente no mundo, a outra, viaja no conhecimento do “mundo homem” (ou seria homem mundo?) tentando, através de palavras, da língua, desvendar todo o mistério que existe em cada história, em cada alma.

As duas passaram dias buscando o mesmo objetivo, a mesma vaga, mas agora, sem a posse dos apaziguadores Óculos Mágicos, o convívio harmonioso era um grande desafio. Porém, as garotas foram percebendo que a conquista daquele objetivo necessitava muito das riquezas que as diferenças proporcionavam e assim foram, ao poucos, uma entrando no mundo da outra.

Dessa forma, elas aprenderam a viver sem os tais Óculos Mágicos e, através da relação, do relacionamento construído juntas, construíram uma membrana em seus olhos, uma lente de contato natural, que permitia fazer daquela simples amizade, algo imortal.

Parte I: http://vartzlife.wordpress.com/2007/08/16/a-cidade-dos-oculos-magicos-parte-i/

ParteII: http://vartzlife.wordpress.com/2007/09/14/a-cidade-dos-oculos-magicos-parte-ii/

Futebol que une o País da Guerra

iraqi-kids-playing-soccer.jpgNos próximos dias, bolas de futebol irão chegar à Zona Internacional, região controlada pelas forças de coalizão em Bagdá, capital do Iraque. Não se sabe ao certo até quando o país contará com a presença do exército americano, mas alguns soldados afirmam ver ‘milagres’ operados pela bola.

“Um dia, conta Justin Porto, tenente-coronel reformado que está há seis meses no Iraque trabalhando na área de tecnologia de informação, estava driblando até que passei a bola para um menino. Na hora, a atitude dele mudou. O rosto mudou. Passou a me ver como amigo”, disse ele. O acaso fez surgir uma campanha para arrecadar bolas para os iraquianos. E, assim, melhorar a convivência.

“Até agora, já conseguimos 14 bolas no período de uma semana. Nas próximas semanas, espero centenas”, falou Porto. “Meu irmão é diretor de uma escola em Nova Jersey e organizou uma campanha para que os alunos doassem bolas. Elas ainda vão chegar.”

Desde 2004, alguns grupos isolados do Exército norte-americano arrecadam bolas de futebol nos EUA para enviar a crianças iraquianas. Entre os projetos mais conhecidos adotados com sucesso estão ‘Operation Soccer Ball’ (Operação Bola de Futebol) e ‘Operation KickStart’ (Operação Chute Inicial).

O tenente-coronel reformado diz ter apoio oficial. “O Exército me autorizou a enviar e-mails a amigos e família para pedir bolas. E também me ajudou no transporte das bolas.”

“O iraquiano adora o futebol. É comum ver aqui meninos com camisas de times europeus ou mesmo de jogadores brasileiros”, afirmou Porto. O americano relatou a transformação provocada pelos dribles e gols desde que passou a distribuir bolas de futebol.

“Quando cheguei ao Iraque, eles [os iraquianos] não confiavam muito na gente. Mas fomos ganhando os corações dos iraquianos aos poucos. Eles demoram a perceber que você é uma pessoa boa. Até a hora que eles o vêem como um deles, como um ser humano como eles, o vêem fazendo as mesmas coisas que eles.”

A mudança, disse, refletiu-se até no dia-a-dia. “Todo dia, faço ronda de uma hora pelas ruas. Hoje, já me cumprimentam, acenam para mim, sorriem quando eu passo. É minha recompensa.”

O velhinho barbudo e o Natal

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Encontrei o velho gordinho enquanto caminhava cabisbaixo pelas ruas da grande metrópole onde vivo. O silêncio atípico da cidade angustiava até os vira-latas, que uivavam naquela noite chuvosa.

Aquele senhor, todo sorridente, olhava para mim com um “quê” de curioso, talvez se perguntando sobre por que cargas d’água eu estava, naquela hora e naquele dia, andando sozinho pelas ruas.

Porém, mal sabia ele que eu não tenho ninguém. Há anos, desde que meus pais se foram, comemoro o que chamo de “o dia da família” sozinho. Recebo sempre muitos presentes dos colegas de trabalho, da vizinha de apartamento, mas é habitualmente estranho, porque me sinto vazio.

Contudo, mesmo sem saber, o velhinho se aproximou e me convidou para dar uma volta com ele. Aquela barba branca, a roupa vermelha, o barrigão, me faziam lembrar alguém conhecido que não soube identificar. Caminhamos juntos por muito tempo, em direção a uma estrela que ele não cansava de apontar e admirar.

Chegando ao lugar onde a nossa guia apontava, vimos uma mãe segurando um bebê neonato. Aquele sorriso, o lugar simples, que lembrava um estábulo, me fizera lembrar das tantas crianças que nascem no Brasil, à mercê da sociedade. Que se tornam bandidos por não terem braços que as acolham, não reconhecerem e sentirem o que é o Amor.

Porém, aquela criança, parecia diferente das que já tinha visto, tinha algo de especial nela, pois senti uma alegria deliciosa enquanto olhava para ela, quase inexplicável e não conseguia me deter em pensamentos ruins. Via espelhada nela uma família modelo, a resposta para todos os meus questionamentos a respeito do que seria uma Verdadeira Família.

Assim, mesmo sozinho fisicamente, sentindo-me talvez fracassado, infeliz, via, naquele momento, um bom motivo pra sorrir, outros tantos para cantar, dançar, festejar, pois via que podia recomeçar.

O velhinho passou o braço pelo meu ombro esquerdo, me senti reconfortado e percebi que o nascimento daquele menino e o amor daquela família me mostraram o que significa festejar aquele dia, o valor de estarmos juntos, para comemorar o que chamamos de Natal.

Um natal mais NATAL

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Enquanto todo mundo espera o Natal para festejar com alegria a troca de presentes, como acontecia no mundo romano, duante a Saturnália, nós procuramos estar reunidos para celebrar o nascimento Daquele que certamente nos conduziu até aqui!

Os católicos celebram o nascimento de Jesus Cristo no dia 25 de Dezembro, os ortodoxos no 7 de Janeiro, contudo, o mais importante é justamente aproveitar a ocasião para estarmos reunidos, católicos ou não, para festejar esse dia consagrado à reunião da família, à paz, à fraternidade e à solidariedade entre os homens.

Natal vem do latim ‘natális’, derivada do verbo ‘nascor, nascéris, natus sum, nasci’, significando nascer, ser posto no mundo. Significa também o local onde ocorreu o nascimento de alguém ou de alguma coisa. Natal em inglês (Christmas), significa missa de Cristo. A celebração do Natal de Jesus foi instituída oficialmente pelo Papa Libério, no ano 354 d.c., com o objetivo de cristianizar as festas pagãs daquele tempo.

Assim, o Natal não é só tempo de festa em nossas famílias, mas, outra oportunidade de testemunhar o Amor, essência incondicional das nossas vidas, às pessoas que ainda não puderam encontrar uma caminho para a felicidade verdadeira e sentindo-se acolhidas em nossas famílias, poderão ao menos experimentar um pouco da imensidão do amor de Deus por cada um de nós!

POR ISSO…. FELIZ Natal

Ou em outras línguas…
Albanês – Gezur Krislinjden
Alemão – Frohe Weihnacht
Armênio – Shenoraavor Nor Dari yev Pari Gaghand
Bretão – Nedeleg laouen
Catalão – Bon Nadal
Coreano – Chuk Sung Tan
Croato – Čestit Božić
Espanhol – Feliz Navidad
Finlandês – Hyvää joulua
Francês – Joyeux Noël
Grego – Kala Christougena
Magyar – Kellemes Karácsonyt
Inglês – Merry Christmas
Italiano – Buon Natale
Japonês – Merii Kurisumasu (modificação de merry xmas)
Mandarim – Kung His Hsin Nien
Norueguês – God Jul
Polaco – Wesołych Świąt Bożego Narodzenia
Romeno – Sarbatori Fericite
Russo – S prazdnikom Rozdestva Hristova
Tcheco – Klidné prožití Vánoc ,
Sueco – God Jul e Ucraniano – Srozhdestvom Kristovym

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