Month: November 2007 Page 1 of 3

A menina e o velho romance

sorrindocomolivro

A menina que roubava livros era muito amiga de outra, que havia encontrado um velho romance, sujo e desgastado. O livro falava de um menino que tinha um amigo invisível e era conhecido por estar sempre sorrindo.

Durante o romance, a menina ia se deliciando com as descobertas que o protagonista ia fazendo, as viagens, os sonhos realizados, relacionamentos edificados. Parecia realmente uma vida interessante.

Até que, depois de passar horas e horas lendo, foi se dando conta de que o livro nunca chegava no final. Leu que o menino havia deixado sua casa por quase dois anos, que era o único homem em uma família de seis mulheres e não gostava de cantar por um motivo que ele não sabia definir, mas que era basicamente por acanhamento pessoal.

Contudo, o livro ia sendo devorado verozmente pela garota, ela não conseguia não ler, deixá-lo de lado sequer um minuto, mas era em vão… o livro nunca chegava ao fim. A menina foi aos poucos se irritando, não entendia o porquê de tudo isso, do livro não dar respostas imediatas para o “andar da carruagem” que a história se propunha revelar.

O livro velho aos poucos foi deixando de ser interessante e estar com ele em mãos passou a ser mais um motivo de irritação do que alegria, muito pela impaciência da menina. Porém, ela não desistia, a impaciência era também teimosia, ela tinha que saber o final do livro e decidiu aos poucos se acalmar e continuar lendo, mesmo sem saber se o livro tinha ou não fim.

Vagarosamente as coisas começavam a serem reveladas…. ela ia descobrindo cada vez mais coisas sobre o protagonista… seu gosto pelas pessoas, sua irritação com o comodismo, seu amor por Deus e outras coisas que fizeram a menina voltar a gostar de ler o livro.

O livro velho continua ainda sem fim, a menina não terminou nem mesmo o primeiro capítulo, mas aos poucos vai vendo que a história se torna interessante à medida em que ela simplesmente lê, sem esperar o final do tão querido romance.

Mentira

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Não consigo expressar meus pensamentos de maneira “clara como a luz do sol”

Mesmo que, como diz Pierce, entender nem sempre decorre da clareza do emissor da mensagem,
Mas também provêm do receptor, a história, experiências, a bagagem.

Com clareza explano pensamentos, faço minhas subjetivas considerações.
E no final tudo vira poesia, crônicas, que são transformadas em canções.

E pensando que quando digo SIM, é literal e não um “tipo assim”.
Enxergo pessoas que duvidam das minhas palavras e da verdade (parcial) que existe por detrás delas.

Mas… continuo transformando em palavras o que sinto, dizendo o que se passa dentro de mim, da mais clara maneira que meus conhecimentos limitados da lingüística permitem.
Acreditando que por mais verdades que diga, por mais transparente seja aquilo que escrevo, concluo que no final de tudo, com este poema, minto.

Pensamentos…

Quando a gente descobre que “é impossível ser feliz sozinho”, não dá pra acreditar que os comodismos e prazeres que o egoísmo proporciona são capazes de dar aquela Felicidade (com F maiúsculo).

Assim… mergulhar nos relacionamentos sem temer as dificuldades inerentes do “percurso” torna-se o desafio mais interessante, o crescimento mais frutuoso e o amor parece muito mais real, porque não foge, mas enfrenta.

Tenho me questionado muito sobre o perdão, tendo em vista também a concepção cristã em que foram edificados os meus valores. Casos e mais casos de traições, pequenas e/ou catastróficas me fizeram pensar muito se é possível perdoar verdadeiramente alguém que nos traiu.

Depois de longas conversas, esclarecimentos e dúvidas, entendi que o perdão é a maneira mais concreta de não deixar o Mal vencer. É um “abafar” heróico daquilo que leva somente ao sofrimento, intrigas, dor… entendi que ela não serve para diminuir o sofrimento pessoal, nem mesmo para “ajudar” quem errou, mas para dar espaço para que o Amor possa agir.

Desta forma, o perdão é um dos atos de amor mais heróico, é um pleno perder-se, para que o Amor vença.

Por isso… perdoem-me.

Seu jão

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Estava eu caminhando entra as ensurdecedoras boates que rodam a cidade dos arranha-céus, procurando encontrar vestígios do amigo que havia conhecido na noite anterior, quando me dei conta que seria uma empresa impossível.

Aquela noite sentado com ela, ao lado do edifício onde ela estava pousando… de conversa boa, surpresas, me apareceu o tal do seu Jão, “trêbado” de cachaça, ligeiramente bem vestido.

Pediu dinheiro, mas dissemos logo que não tínhamos. Começou a contar muitas coisas e eu, interessado nele, não por curiosidade, mas por pensar que tantas pessoas poderiam tê-lo encontrado, mas nem se deram ao luxo de olhá-lo nos olhos, puxei conversa.

Contou-nos de sua família, perguntou se ela era a minha esposa e relatou “causos” de sua vida, procurando sempre deixar claro que ele era um homem de valores, que poderia até nos matar, mas que seus princípios não permitiriam.

Seu jão sentou-se conosco, elogiava sempre ela e as vezes era difícil conter o cuspe incontrolável que só a embriaguez permite.

Ficamos lá, horas conversando com o Seu Jão, sem sequer repudiá-lo, sem sentir qualquer espécie de medo, pois o nosso Deus sempre deu preferência para os marginalizados, os excluídos, os que sofrem e estávamos lá, escutando, conversando.

Lembrar-me do seu Jão me deu uma alegria salvadora. As coisas ultimamente perderam um pouco sentido, até mesmo os relacionamentos, pois parece que a nuvem escura que cobre a minha cidade, penetra também nas almas das pessoas que encontro.

Contudo, o amor, AMOR, expresso no mais delicado desejo de viver por cada um, sem resquícios dos relacionamentos anteriores, me impulsiona a não perder tempo com as dificuldades, os meus limites e o meu medo de falir.

Procurando

procurando

Estou à procura de um mundo que me dê respostas,
que me faça entender o porquê de querer fechar os olhos, diante da humilhação que só a pobreza permite;
que me faça entender atitudes impulsivas, convulsivas, banalizando toda a pureza que herdei de minha infância;
que me faça entender até quanto é aceitável a minha exploração, em prol de um fim que não consigo visualizar no processo de produção.

Estou à procura de uma crença humana consistente que não seja o Amor,
que me ajude a ver o bom e o belo das diferenças;
que me impulsione a sair de mim, para procurar fazer ao menos quem está ao meu lado FELIZ;
que me dê a paciência necessária para escalar os “muros” que a vida insiste em me colocar na frente;

Só não preciso mais procurar um amor verdadeiro,
pois sempre vinga o ditado: “quem procura NÃO acha”,
e parece que, mesmo não sendo o único, o primeiro,
é impossível não me dar conta de tamanha graça.

E assim… procuro minhas respostas, assumo minhas crenças, à dois,
deixando de lado egoísmos, meu individualismo,
para não deixar enfim, o máximo da plenitude, pra depois.

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