Day: 15 October 2007

Lindo rouxinol

Lindo rouxinol

Aqueles belos olhos escondiam uma alma diferente dos mortais que havia conhecido.
Um semblante profundo, uma exigência e uma sede de infinito
que em tantas vezes eu me encontrava.
Até mesmo o andar desengonçado, o esforço contínuo de ser um pouco delicado,
me apresentava um dos pássaros mais belos da celeste fauna.

Mas o lindo rouxinol ainda não sabia voar.
Tinha já cantado para um número incontável de expectadores,
mas nunca havia podido alçar vôo e descobrir que existem outros mundos
em que o seu canto parecia mais necessário.

Depois de diversas quedas o lindo rouxinol descobriu que precisava encontrar uma orientação
um incentivo, um sentido, para continuar seu canto, mesmo sem ainda ter alçado vôo.
E foi justamente o assoviar dos sabiás, o grito estridente das águias e falar engraçado do papagaio que fez a ave descobrir que não estava sozinha.

Assim… aos poucos, mesmo com as inevitáveis quedas,
o Rouxinol foi se descobrindo e entendendo que mesmo sem saber voar,
o mais importante, para finalmente alcançar seu maior objetivo,
era certamente não deixar nunca de cantar.

PS: Poesia escrita em comemoração ao aniversário da Natalia Cassiolato. A dona dos mais belos olhos e de uma alma – convite para o “universo do profundo”.

Justificativa

É interessante constatar que, por mais que eu me esforce ao máximo, sempre acabo magoando alguém. Fui procurar no Wikidicionário o significado do verbo e encontrei “provocar um sentimento penoso (que causa pena; doloroso) e de irritação”.

Estou numa fase de tão grande fatiga que não procuro me prender muito aos meus limites, pois seria mais uma desculpa para estar “pra baixo” e assim perder outras possibilidades de amar àqueles que aparecem no momento presente.

Às vezes até parece que não me arrependo daquilo que faço, de ter causado dor, por tão espontânea a admissão do meu erro, por tão instantânea a minha vontade de recomeçar.

Porém… pedir desculpas, mesmo sendo um ato verdadeiro de humildade (e um “meu” esforço pessoal contínuo) as vezes não serve de pré supostos para uma situação resolvida.

Dar-me conta que devo pagar pelo mau que causo me faz tantas vezes pensar em me fechar, me expor menos, pra causar menos sofrimento. Mas, da mesma forma, sinto que, agindo assim, causo sim menos dor, mas conseqüentemente menos Felicidade.

Assim, continuo… não temendo errar, porque acredito que ninguém o faz propositalmente, mas certo de que, assumindo meus limites, pedindo perdão, posso permitir àqueles que estão a minha volta de me amarem como sou.

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