Diziam os avós de cem anos atrás, que na última cidade no sul do continente americano, depois da conhecida Terra do Fogo, existia um grande portal que levava à Cidade dos Óculos Mágicos, um lugar conhecido justamente pelos acessórios oculares irreverentes dos seus habitantes.
O que se sabia dessa lenda é que ali, desde pequeno, de acordo com o tamanho dos pés, cada bebê recebia um determinado óculos com lentes especiais, que determinariam as dimensões do seu mundo. Esses tais óculos eram trocados acompanhando o crescimento da criança, para adaptarem-se também ao tamanho da cabeça de seu usuário.
Um dia, não se sabe como e nem mesmo o porquê, todos os óculos mágicos da cidade desapareceram. As pessoas acordaram e quando procuraram o acessório, não o encontraram mais.
A princípio a harmonia vigente na cidade não foi afetada. Os habitantes da Cidade dos Óculos Mágicos continuaram com seus hábitos, mas a confusão começou no momento em que elas começaram a se relacionar, pois os óculos não só personificavam as mais distintas visões do mundo, mas também tinha um equalizador de visões, que permitia uma convivência saudável entre as pessoas.
Sem os óculos aumentaram-se exponencialmente os conflitos… Cada um aprendera a ver o mundo do modo no qual seus óculos o apresentava. Sem eles não era possível vislumbrar a realidade de maneira clara, única.
A harmonia da Cidade dos Óculos Mágicos estava afetada, todos esperavam um salvador, uma solução, para que o convívio entre as pessoas pudesse voltar à harmonia de então. Um grande mistério se instaurava.