Era uma vez um lindo pássaro azul, que vivia em uma árvore situada nas mais altas montanhas andinas. Havia crescido rodeado de outras aves como ele, comido os mesmos vermes, vivido a mesma infância.
Porém, um dia, chegou a hora dele aprender a voar… já havia superado muitos dos seus medos, mas aquele era certamente o maior deles.
Não se conformava por ser um pássaro e mesmo assim ter calafrios quando houvia seus amigos falarem da alegria de finalmente poderem aprender o maior dos ofícios das aves. Sentia-se desengonçado, suas penas ainda estavam se desenvolvendo e ele acreditava ter as asas ainda fracas e disformes para levantar um vôo seguro.
Assim, na manhã em que sua mãe o acordou para tentar a primeira decolagem em direção ao ninho situado sobre as árvores, fez de tudo para não se levantar. O medo consumia o passarinho e ele acreditava que talvez não tivesse nascido para voar.
Levantou e como havia esperado, passou o dia tentando, mas em nenhuma das vezes que bateu suas fracas asas, conseguiu voar. Sentia-se envergonhado, sobretudo pelos seus pais. Como era possível existir um pássaro que não sabia voar?
Contudo, no final do dia, foi lavar-se no lago e começou a cantar… seu canto triste ecoava por todo lado. Porém a harmonia das notas atraía os outros animais da região. A sua canção emocionada, emocionava.
Descobria ali que seu canto era talvez o mais bonito entre os pássaros e entendia, naquele momento, que sua incapacidade de voar o havia permitido desenvolver outras qualidades. Só precisava aceitar-se, sem escrúpulos.
O pássaro azul ainda sofria pelo fato de não conseguir voar, mesmo com muito esforço, mas era justamente nesses momentos, que ele presenteava a natureza com o seu mais belo cantar.