Enquanto todos faziam festa, brincavam, dançavam, eu permanecia em silêncio.
Procurava sim estar com eles, sorrir, mas a dor me impossibilitava dar passos maiores do que poderia.Um vazio imenso, fruto das incertezas, me impulsionava para “porquês” potencialmente irrespondíveis, e assim, sustentar aquela situação parecia loucura.
Passei anos entendendo e “estagiando” entre dificuldades, tropeços e quedas. Tantas vezes havia suportado situações em que estava literalmente sozinho e também outras vivi junto com quem me abria os braços, mas no final sempre conseguia, com muito esforço, caminhar no escuro e avistar o que se detém no final de cada “túnel”.
Porém agora, questionamentos e fraquezas não me permitem dar nenhum desses passos, tomar sequer uma decisão radical. Não consigo!
Imerso nessa dor, encontro resposta somente quando estou em simbiose com as pessoas, em um mútuo viver reciprocamente, pensando nos outros, em vez de me fechar em problemas pessoais.
Nessas horas o meu amor parece finalmente verdadeiro, pois não é simplesmente assistencialismo, ação de quem “está bem” por alguém que sofre, mas um enxergar o quanto precisamos amar, pois na dor, sobretudo nas “grandes”, precisamos de baluartes que nos sustentem.
Assim, meu sorriso, meus pequenos atos, meu abraço, conquista um valor heróico, pois é coroado por essa dor, que quero dividí-la, para que eu não só consiga suportar, mas que eu permita, à cada um que me ama, ao meu lado estar.