Month: June 2007 Page 3 of 6

A rosa e o girassol

rosa e o girassol

O Jardineiro dispôs suas flores no imenso jardim, jogando as sementes ao acaso, para que nascessem naturalmente e pudessem crescer da mesma forma. Depois de alguns anos cresceram as mais diversas flores, mas, sobretudo, rosas e girassóis.

As rosas cresciam belas, seus botões preanunciavam o desabrochar de uma beleza inigualável, única, que a fazia se destacar entre as outras flores do jardim. Porém, o que não se sabia é que seus espinhos muitas vezes sufocavam o nascimento de outras flores, acabava-as matando, o que fazia com que o Jardineiro se questionasse a respeito do valor de uma beleza individual, que acabava limitando aquela região do jardim a poucas flores.

Do outro lado estavam os girassóis, simples, longe de serem belos como as rosas, porém à distância, devido a quantidade incontável de flores, pareciam um tapete amarelo que executava sua dança durante o dia, sempre em direção ao Sol.

A particularidade dessas flores era justamente resplandecer a Sua beleza, sem deixar de estimular o crescimento, a vida e a harmonia junto às flores vizinhas. O baile em consonância gerava uma união de pensamentos, pois o efeito de massa fazia com que todos os girassóis soubessem onde estava o Sol, mesmo se um deles fosse pequeno ao ponto de não enxergar o astro celeste.

Essa busca coletiva pelo mesmo Ideal os fazia estar sempre juntos. Era impossível sentirem-se sozinhos e essa união era o que transformava a beleza modesta de um girassol no espetaculoso “tapete amarelo” que se observava à distância.

Alguns girassóis às vezes se rebelavam por serem menos atraentes que as rosas do outro lado do jardim, mas vendo as rosas sempre sozinhas, percebiam que era melhor o menos perfeito, em acordo com os outros, do que o mais perfeito, em desacordo.

Assim os girassóis estavam sempre juntos, não deixando nunca de crescer, pois aquela vida coletiva proporcionava o nascimento de outras flores e que aumentava ainda mais o amarelo, espelho do Sol, daquela parte do jardim, enquanto do outro lado, a Rosa nascia, crescia e morria, sempre sozinha.

Receita do dia: Poesia

Poesia

1º- Pare de fazer as coisas osmoticamente, observe com destreza as belezas e a singularidade de cada coisa;

2º- Esteja alguns minutos sozinho, para refletir sobre a vida, as pessoas e tudo aquilo que tem vivido durante o tempo que se passou até então;

3º- Leia algo inspirador… poesias, músicas, romances, que possam mimetizar seus objetivos;

4º- Esteja em um lugar silencioso, barulhento, sozinho, acompanhado e escreva tudo aquilo que sente, sem se preocupar com concordâncias, coerências…

5º- Construa um texto procurando distanciar-se, traduzindo personalismos, para poder compartilhar e oferecer o que foi produzido às pessoas que estão ao seu lado;

Nutro-me de tudo aquilo que serve de inspiração: conversas, pensamentos, sentimentos e estoco tudo dentro de mim. Externar em poesia esses sentimentos, experiências, sonhos e o que eu considero devaneio, é o modo que encontrei de doar um pouco daquilo que tenho procurado fazer, os passos que aprendi na Grande Festa, ainda com modesta cadência, mas sempre seguros.

Transformar a vida em palavras é um exercício cotidiano, um desvendar-se, descobrir-se e perceber, mais que tudo, que vivemos experiências parecidas, que estamos realmente “no mesmo barco”, mas que, se sabemos aproveitar, podemos remá-lo juntos.

Silenzio

Silenzio

Non sento nemmeno i rumori

dei clacson fuori casa.

Oppure le gocce

che cadono e scorrono nel lavabo.

Guardo su e negli angoli della mia stanza,

ci sono quelle ragnatele

rimaste dall’imprevidenza colpevole

della signora della pulizia.

Cerco di concentrarmi respirando

e ogni tanto soffiando quell’aria che soffoca.

Alla fine mi fermo ad aspettarLo.

È già venuta la zia andicappata, il povero,

ma Lui non è ancora apparso.

Ma viene?

L’aspetto ancora un po’,

nel silenzio.

Redenção

Redencao

Não se renda, para que eu não me renda.

Quando acordo com aquele sentimento de vazio,

Ou o desespero gotejante das tristezas

que parecem me consumir em doses homeopáticas,

Quando perco a fé ou, para os leigos,

a certeza de que as coisas não acontecem por acaso.

Ou mergulho introspectivamente em mim,

para achar respostas inexistentes.

Eu me rendo.

Não se renda, para que eu não me renda.

Diante dos males de hoje,

em que somos levados a perder as esperanças.

Ou quando o ódio se instala no meu coração,

como neblina a cegar-me os bons sentimentos,

que fazem com que as pessoas se aproximem de mim.

Quando não sou “homem novo”,

não me entrego completamente aos relacionamentos experiências,

por medo ou covardia.

Eu me rendo.

Viver a minha vida, ser feliz individualmente tem seu mérito,

mas é esse o ponto de chegada?

Ser uma pessoa considerada relativamente boa, honesta, morrer e fim?

Tenho me perguntado muito sobre esse fim,

se tenho vivido suficientemente bem, aproveitado cada momento,

para o caso de a vida chegar ao seu vértice.

Tenho vislumbrado a redenção em tantas coisas,

prazeres vãos, fraquezas, medos, angústias,

deixando de observar o desenho das nuvens, o brilho das estrelas,

a beleza dos sorrisos.

E é por isso lhe digo:

Não se renda, para que eu não me renda.

Estamos juntos!

Indeciso

Indeciso

É não saber se digo sim, por não querer dizer não,

Começar, se ainda não consegui terminar,

Indecisão é planar, sem saber se a hora é mesmo de atacar.

Esperar.

É não saber se digo não, por não querer dizer sim,

Terminar, se ainda não hora de começar,

Indecisão é atacar, sem saber se o melhor agora é observar.

Transformar.

Indecisão

Indecisão

Bom, não sei, não lembro, não quero, não vejo e por isso vivo.

É não saber se digo quero, por não dizer reluto,

“Cominar”, se ainda não hora de “termeçar”,

Fico indeciso quando escrevo, sem saber. Ouço sem escutar, tenho sem doar (TUDO).

Deixando de amar.

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