O Jardineiro dispôs suas flores no imenso jardim, jogando as sementes ao acaso, para que nascessem naturalmente e pudessem crescer da mesma forma. Depois de alguns anos cresceram as mais diversas flores, mas, sobretudo, rosas e girassóis.
As rosas cresciam belas, seus botões preanunciavam o desabrochar de uma beleza inigualável, única, que a fazia se destacar entre as outras flores do jardim. Porém, o que não se sabia é que seus espinhos muitas vezes sufocavam o nascimento de outras flores, acabava-as matando, o que fazia com que o Jardineiro se questionasse a respeito do valor de uma beleza individual, que acabava limitando aquela região do jardim a poucas flores.
Do outro lado estavam os girassóis, simples, longe de serem belos como as rosas, porém à distância, devido a quantidade incontável de flores, pareciam um tapete amarelo que executava sua dança durante o dia, sempre em direção ao Sol.
A particularidade dessas flores era justamente resplandecer a Sua beleza, sem deixar de estimular o crescimento, a vida e a harmonia junto às flores vizinhas. O baile em consonância gerava uma união de pensamentos, pois o efeito de massa fazia com que todos os girassóis soubessem onde estava o Sol, mesmo se um deles fosse pequeno ao ponto de não enxergar o astro celeste.
Essa busca coletiva pelo mesmo Ideal os fazia estar sempre juntos. Era impossível sentirem-se sozinhos e essa união era o que transformava a beleza modesta de um girassol no espetaculoso “tapete amarelo” que se observava à distância.
Alguns girassóis às vezes se rebelavam por serem menos atraentes que as rosas do outro lado do jardim, mas vendo as rosas sempre sozinhas, percebiam que era melhor o menos perfeito, em acordo com os outros, do que o mais perfeito, em desacordo.
Assim os girassóis estavam sempre juntos, não deixando nunca de crescer, pois aquela vida coletiva proporcionava o nascimento de outras flores e que aumentava ainda mais o amarelo, espelho do Sol, daquela parte do jardim, enquanto do outro lado, a Rosa nascia, crescia e morria, sempre sozinha.