O canto do pássaro

canto do pássaro

O menino do sorriso já estava cansado de esperar a primavera. As chuvas do verão, o frio do inverno, só não eram piores que as contínuas mortes inerentes daquele longo outono.

Depois da viagem em que havia descoberto suas potencialidades, a alegria de viver a vida com simplicidade, mas sempre junto, sentia forte uma grande exigência de entender a Verdade.

Porém, ao chegar em casa, havia descoberto que tinham construído um longo túnel, impossível de enxergar o fim. Não sabia mais se a sua casa ainda estava ali, sua família, universidade, certezas. Só tinha consciência de que era preciso ultrapassar o túnel, mas não havia nada e o medo aumentava sempre que o menino do sorriso tentava ultrapassar os limites onde sua visão alcançava.

Aquele túnel escuro despertava uma grande incerteza e mesmo todos os baluartes edificados outrora e que, por si só, dariam segurança suficiente pra atravessar, não encorajavam o menino do sorriso. Porém a busca pela Verdade, com a profundidade infinita do mistério, despertava dentro dele algo incontrolável.

Em uma das tentativas sem sucesso de começar a entrar no túnel, o garoto começou a ouvir uma canção suave, com assobios ritmados. Olhou ao seu redor e foi descobrir um lindo passarinho verde sobre os ramos de um dos coqueiros, que estavam próximos da entrada do túnel.

Aquele assobio parecia querer dizer-lhe algo, era difícil de compreender, mas sabia que aquele pássaro estava cantando para o seu coração, para que ele entendesse aquela serenata dócil e conquistasse a coragem para seguir seu caminho.

Ouvindo o canto do pássaro canção o garoto do sorriso se lembrava mais claramente dos momentos em que havia cantado, dançado, aquela mesma sinfonia Divina… Da viagem e das descobertas, da primavera, outono, verão e inverno, aproveitados profundamente, um após o outro.

Contudo, o que se recordava com mais intensidade era a certeza de não estar sozinho na empresa do entendimento da Verdade. Havia muitos amigos, nos mais diversos pontos da terra, que buscavam a mesma Verdade, as mesmas certezas e que provavelmente teriam que atravessar o mesmo túnel.

Lembrava que havia aprendido a escutar o canto do pássaro verde, mas, sobretudo, aprendido a cantá-la com aqueles seus amigos. Fato que o ajudava a superar os mais simples e complexos obstáculos.

Quando estava com seus amigos, a canção do pássaro verde era ouvida com mais clareza, era como um alto-falante com instruções para chegar, estar, na Verdade.

Após aquela reflexão entendeu porquê poderia percorrer o túnel sem problemas, o assovio suave do pássaro verde evidenciava uma única certeza concreta: Não estava sozinho.

História dedicada ao Guilherme Moura que, no dia 9 de junho, fez aniversário.

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4 Comments

  1. Valter! É examente isso. Estou diante do túnel buscando estar na Verdade. Per-feita para mim essa sua reflexão. Adorei… Não estou sozinho! É preciso repartir mais minha vida. Obrigado! Obrigado muito muito!

  2. Guilherme

    Valeu Valter!
    Sinto sempre que nao importa em q tunel em tenha me metido, continuo a ouvir a sua voz pra me lembrar q eu nao estou sozinho.
    Espero q a gente possa se reencontrar em breve, mas acho q nao vai ser agora em Julho. Estao indo 3 gen da UAI pra o encontro, mas eu nao estou entre esses. Vao precisar tb do nosso apoio na zona pra as atividades como as Mariápolis.

    A gente se encontra nas voltas do mundo por aí!
    abraco

  3. É, Valter Hugo… só você mesmo pra me lembrar que não estou sozinha.
    Obrigada, ‘passarinho verde’!
    Beijos!

  4. Telma Luiza

    Obrigada V@lter!
    Vc conseguiu seu objetivo. Ficou mto clara a importância de saber ouvir a voz do Espírito Santo e que para isso é preciso ter “Jesus em Meio”.
    Estou atravessando o túnel e não tenho conseguido ouvir o canto do pássaro…
    Mas me fortaleço qdo lembro que não estou sozinha…

    Um grande abraço,
    unidos no esforço de ouvir “aquela voz”…

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