Hoje, enquanto voltava para casa, sentia uma tremenda dor de barriga, devido ao mal estar em que me encontrei esta manhã e que não me deixou colocar nem mesmo uma bala na boca. Porém, depois de todo o dia, indo em direção a minha casa, comecei a pensar no porquê daquela dor. Depois de alguns passos eu culpei o vazio que tinha na barriga. Como não havia comido nada é claro que o estômago estava nervoso.
Naqueles minutos, quase hora, eu refleti um pouco sobre o que seria o vazio… Claro que tenho que admitir que vivo uma fase extremamente filosófica, mas naquele momento eu entendi algumas coisas interessantes.
Antes de tudo pensei sobre qual seria o nosso conceito de vazio. Você já pensou no que consiste o vazio? Quando ás vezes, nos sentimos tristes e insatisfeitos sem um motivo claro, quando estamos em uma sala sem nenhum móvel, quando entramos em um elevador sem ninguém e também estamos sozinhos em casa… Certamente podemos dizer que estamos em situações da qual o vazio se apresenta claramente.
Mas não, o vazio não existe! Não serei prepotente ao ponto de afirmar que essa seria também uma conclusão científica, mas acredito realmente que o vazio não existe.
Pegando alguns exemplos que relacionei acima, podemos analisar-los, um a um. Quando nos sentimos tristes ou insatisfeitos, sem nenhum motivo aparente, nos vêm logo à vontade de dizer que nos sentimos vazios. Porém, não é a falta de algo/alguém que nos faz estar assim, mas o excesso de coisas que não nos fazem feliz.
Bom… pego outro exemplo, um pouco mais concreto, uma sala vazia ou mesmo o elevador. Certamente eles permanecerão assim somente se os observamos de fora, porém cientificamente sabe-se que no mundo existem coisas que estão presentes, mas que não podemos perceber com os nossos olhos. Os gases, as ondas, radiações, todas coisas que realmente existem e que não podemos distingui-las como matéria, mas que mesmo assim fazem parte do universo.
Enfim, se não existe o vazio como podemos dizer, de forma simples, estes sentimentos, internos e externos, que a vida nos faz viver?
O vazio é a oportunidade que aparece para preencher algo cheio de futilidades, com coisas melhores.
Voltando aos exemplos, pegamos outra vez o sentimento. O fato de estarmos cheios de coisas que não nos ajudam a sermos felizes é uma grande oportunidade de abrir-nos àquilo que realmente nos preenche de alegria, ou melhor, Felicidade. Uma sala “vazia” nos dá a possibilidade de colocar belos móveis que a deixará mais bonita e, sobretudo, estar sozinho pode ser um momento para fazer algo para alguém ou estar com um pouco consigo mesmo.
Bem, aqueles que chegaram até aqui certamente dirão que eu fiquei ou estou ficando louco, porém é legal ver que das pequenas dores (como uma simples dor de barriga) existem muitas oportunidades de entender tantas coisas, mas é preciso estar atento.
É importante aproveitar essas oportunidades que aparecem para estar em relacionamento profundo com nós mesmos. Não é fácil entender a dor, porém é ali que se escondem os segredos da verdadeira Felicidade.
Arlete
Valter querido, hoje tomei coragem e deixo aqui o meu comentário sobre o seu texto.
Realmente, aquela dor de barriga poderia ser devido ao vazio que estava dentro da sua barriga… a partir deste ponto comecei a pensar nas “dores de barriga vazia” que encontro pelas ruas de São Paulo. Você sabe que depois de 10 anos sem sair da nossa pequena Vargem Grande, eu ganhei o centrão de São Paulo como palco diário da minha vida. E que mudança… meu Deus!
Mas o que mais me chama a atenção desde o dia em que aqui cheguei é ver quantos filhos de Deus moram nas ruas, sem nada, de uma forma animal mesmo… e me pego sempre tentando romper aquele respeito humano que me impede de impulsivamente chegar até estas pessoas… quantas experiências tenho vivido e olhar nos olhos delas é a mais forte de todas, senti-las como eu mesma… com dor de barriga por causa do vazio…
Nossa, olha só o que você fez? eu nem sei escrever e estou aqui dando uma de sei lá o que. Mas vou te enviar assim mesmo.´
Um beijão… saudades sempre…
tua
Mmãe (hahaha quanto tempo que não assinava assim)