Falar de dor é sempre um paradoxo dos tempos modernos, em uma sociedade hedonista ao ponto de rejeitar as alegrias que compreendê-la nos proporciona.
Nunca tive muito problema com a dor, sobretudo depois que percebi que é através dela que se cresce e não em decorrência de uma vida feliz, prazerosa e sem problemas. “Quando falta a dor, muitas vezes nos iludimos com o que é transitório”.
Porém, “é necessário que a dor não nos afogue a alma na amargura”, que não nos impossibilite ver as graças escondida nela.
A dor é mesmo inerente às nossas vontades, porém o sofrimento é opcional. Vivemos diariamente situações difíceis, revoltantes, às vezes bobas aos olhos dos outros, mas importantes para nós, e quase sempre nos mergulhamos nelas, deixando de olhar além “do muro”.
Sofrer é se render aos próprios limites, é não acreditar no Plano Celeste que envolve às nossas vidas, é não ter fé de que a dor, como a alegria, é uma nota musical na nossa particular melodia.
Podemos, mesmo nos momento interiores mais difíceis, viver a “Divina Comédia” de estar destruído por dentro e mesmo assim sermos capazes de sorrir, de transmitir a Felicidade que se esconde na falta de alegria, parâmetro superficial, pois não é porque não estamos alegres que não somos profundamente felizes.
Somente através da dor vivida é que podemos compartilhar a dor daqueles que estão a nossa volta, sem posturas assistencialistas ou piedosas, mas por estar sob a mesma “graça”, permanecer em um diálogo horizontal.
Em meio a tantas e complexas conclusões, uma só invade meu coração neste momento: A Dor tem uma função importantíssima, pois nos ajuda a nos manter no essencial e não nos contentarmos com o nosso próprio eu, indo além do nosso sofrimento pelo outros.
(aspas retirados do livro Meditações de Chiara Lubich)