Day: 23 April 2007

Mais uma orquídea no Jardim

 orquídea

Lembro-me somente o momento em que encostei a cabeça no travesseiro, tentei recordar de algumas orações que faço habitualmente, mas o cansaço me consumiu e dormi…

Acordei em um jardim. Estava deitado e sentia algumas dores nas costas, como se tivesse dormido no chão e me dando conta de onde estava, vi que isso realmente tinha acontecido.

Levantando os olhos, percebi que estava em um lugar especial, um Jardim imenso, impossível de descrever até onde ia a linha do horizonte. Um gramado verde, desenhado como um tapete persa, com borboletas que preenchiam os espaços com suas asas coloridas e os pássaros que brincavam entre elas.

Caminhando, encontrei um jardim de orquídeas, iguais as que eu tinha visto no almanaque holandês. Todas de uma delicadeza e beleza incríveis. Que lugar era aquele? E o que eu estava fazendo ali?

Aproximei-me de uma das flores para analisá-la minuciosamente, comecei a perceber algo de interessante, uma sensação de já ter visto algo semelhante se apoderou de mim. Quem era ela? E quando ia tocá-la. Acordei.

Senti novamente aquelas dores de ter dormido em algo que certamente não era a minha cama. Lembrei-me que tinha mesmo dormido no chão, pois era uma das minhas penitências de Quaresma, mas aquele sonho… não conseguia entender… aonde estava e quem era aquela orquídea?

Passei o dia pensando naquilo que tinha vivido durante a manhã, procurando encontrar lógica em cada coisa. No final da noite, soube que a tia de uma amiga querida havia terminado de exercer seu papel no Grande Teatro, de maneira surpreendente, feliz.

Corri para me despedir dela e a vi vestida de um branco suave. Tantas coroas de flores. Senti uma sensação estranha, uma alegria desconfortante, parecia mesmo um Deja Vu. Então, quando vi a orquídea nas mãos da Tia Ro, acordei novamente. Era ela.

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Tenho refletido sobre o modo com o qual tenho vivido os meus poucos anos de vida.

Digo poucos, sobretudo porque, quando olho pros meus pais e tudo aquilo que eles já viveram, sinto um certo receio em acreditar que já vivi o bastante para contar histórias.

Lembrei-me do período em que estava fora do país… das experiências que vivi em tantos lugares com tantas pessoas e a minha constante preocupação em fazer com que todos pudessem viver àqueles momentos comigo.

Sinto como “vocacional” o meu anseio em escrever sempre, em dividir minha vida minuciosamente, permitir que todos participem das minhas decisões, sonhos e possam assim, viver cada passo, triste ou feliz, COMIGO.

Claro que não faz bem pretender isso de ninguém, mas será que posso dizer que isso é uma qualidade? Um sinal de maturidade, de comprometimento com os outros e uma coragem de me expor???

Ultimamente também tenho estudado muito a Personagem e o Sujeito empírico… Nas aulas de Teoria da Comunicação é um assunto pontual. Por isso tenho entendido que a maioria das pessoas tem sim medo de serem quem são. Procuram através de uma personagem oculta mostrarem-se especiais, interessantes, diferentes, escondendo realmente os limites, incertezas, medos.

Acredito que o medo de se expor nos torna misteriosos aos olhos das pessoas e assim, ser personagem é ainda mais interessante.

Bom… destes devaneios tiro algumas conclusões. A vida é muito mais gostosa quando partilhada. Quando nos doamos sem escrúpulos, para se construir e construir a nossa vida, JUNTOS.

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