Era uma vez uma belíssima princesa que vivia em seu castelo, mas que procurava sempre vaguear pelo reino, para estar em contato com todos os que compunham seu povo.
Seus cabelos lisos, olhos castanhos e o sorriso contagiante, atraíam todos os homens, mas era pouco se comparado a sua personalidade benevolente e seu coração sempre pronto a amar.
Era segura das suas escolhas e não tinha medo de sobrepor-las diante das dificuldades e mesmo das circunstâncias que surgiam na sua vida.
Porém, um dia, o rei quis presenteá-la com uma linda coroa. Ao vê-la se sentia afortunada de poder receber um presente tão valioso. Sabia que era algo grande, especial.
Assim, do momento em que recebeu o ornamento real, nunca mais olhou no espelho. Já não precisava mais admirar sua beleza, pois a coroa presenteada justificava quem ela era por si só.
Contudo, o tempo foi passando e a coroa foi se desgastando, já não era tão bela como outrora, seus brilhantes frontais ameaçavam cair e os riscos decorrentes do uso começavam a cobrir toda a superfície da coroa.
Mesmo assim, a princesa não conseguia mais se olhar no espelho, já não sabia como era, quem era. A coroa havia sugado todo o amor próprio, toda a consciência do quanto ela era bela, independente de qualquer ornamento.
Certo dia, o rei, querendo restaurar a coroa, decidiu pedi-la a princesa, que não queria permitir, temendo uma transformação.
Assim a coroa, ao ser retirada de sua cabeça, foi esquecida pelo rei e a princesa passou a sofrer, pois não sabia mais que quem ela era independia do uso do ornamento.
Não tinha mais coragem de olhar no espelho temendo não ser mais bela como era anteriormente e desde então, passou a vida trancada em seu castelo, para que nunca mais fosse olhada pelos homens do reino.
———————————————————————————————
Pensei nessa história após uma fantástica conversa com uma amiga que parecia ter esquecido quem ela era. Havia terminado o namoro e estava sofrendo por se sentir desvalorizada. Ela, como a princesa, esquecera a importância de se VER no espelho.
Flavia
Era uma vez uma menina que nunca se admirou muito no espelho, achava que seus cabelos não eram como gostaria e seus olhos não chamavam a atenção como de suas amigas. Infeliz, ela comprou um uma chapinha, com o resto do dinheiro que reservou, comprou uma lente na cor azul. A menina se realizou, começou chamar a atenção e se incluiu nos padrões de beleza impostos pela sociedade, até a personalidade ficou mais marcante! Ela sempre se olhava no espelho, se admirava. Em um dia de muito azar o aparelho de alisar o cabelo queimou e a lente, bem, a lente ela perdeu. Novamente infeliz, a menina nunca mais conseguiu se olhar no espelho, com os amigos ela não era mais espontânea e sempre se achava feia perto de qualquer outra pessoa.
http://www.intimorato.com
Camila
Comecei a ler esse texto por acaso, como faço sempre, imediatamente me identifiquei com a história, diretamente com a personagem, mesmo assim, não achei que pudesse ter relação com a “fantástica conversa” tida com um amigo na quarta-feira, que, não por acaso, me lembrou de coisas essenciais, desvalorizadas por mim, depois da “perca de um ornamento”, porém, após levantar-me daquele banquinho do cachorro quente, diferentemente da princesa, que provavelmente não tem amigos especiais como os meus, fiz uma análise, me olhei no espelho, afinal, era a “lição de casa” dada por esse amigo, e lembrei de quem eu era, e em que eu acreditava antes de receber a “coroa do REi”. Hoje não preciso mais dela, porque tenho ao meu redor pessoas que por sí só são motivos para me valorizar e me dedicar integralmente a eles com uma única intenção: Fazê-los intensamente felizes!