Month: March 2007

Lamentos de um Sanguessuga

Sanguessuga

Sou um parasita de humanos, um sanguessuga.

Não consigo sobreviver sozinho, nem tentando, esforçando-me.

Quero sugar todo interior de quem está a minha volta.

Não aceito superficialidades, só admito o profundo.

Tento me sentir normal, mas não sou…

Tento fazer coisas normais, mas não consigo…

São muitos os lamentos.

No meu mundo a comida é escassa.

O que me alimenta está acabando com o tempo.

Ninguém mais quer se abrir, arriscar-se se expondo.

O medo venceu a esperança…

Esperança de encontrar alguém que aceite-nos como somos, quem somos.

Esperança de sermos verdadeiros e mesmo assim amados.

O tempo tem passado rápido e não tenho mais aonde prender minhas ventosas.

Elas estão fracas, desnutridas.

Sou um invertebrado, um verme condenado á morte, pois a vida desse mundo é

simplesmente imagem, ou seja, uma projeção que cada indivíduo faz de si na

sociedade.

O profundo é moribundo…

Felicidade possível

Felicidade possível

Tum! Tum!! Rumores de uma felicidade possível

Taque
Tum! Tum!
Tum! Tum!
Tique!
Tum! Tum!

O tique – taque do relógio coincidia com a estrondosa batida do meu coração
E no silêncio… Ah!!! Entendiante silêncio… tudo parecia estar amplificado.

Ela lia…
… e se perdia em sorrisos e interesses fúteis, ao acaso, e que mostravam a sua indiferença com aquilo que acontece no mundo.

_ Mãe!!! Mãe!!! Cê viu o moço dormindo no chão??

E foi a criança que nos tirou do mundo « eu estou bem ».
Doce comentário que silenciou ainda mais aquele momento.

Plen !!!
Plen !!
Plen !!
Plen !!
Plen !!
Plen !!

O som das gotas que caíam sobre a metálica mesa do bar,
eram as lágrimas que de mim finalmente fiz escoar.

Triste? Sim. Mas ali entendia,
que se não saio do meu mundo,
como posso ser feliz um dia?

Não só alegria

Não só alegria

Acredito que na maioria das vezes que vivenciamos coisas novas, obstáculos, que exigem mais de nós mesmos, é difícil enxergar com clareza o quanto estamos crescendo por conseqüência dessas situações.

Temos o hábito de ter um panorama superficial da nossa vida e dos acontecimentos que estamos imersos. Porém, como diz Giuseppe Zanghi, precisamos aprender a ver a nossa vida de modo profundo, pois muitas vezes estamos superficialmente tristes, mas profundamente felizes e vice-versa.

Sei que estou vivendo basicamente uma situação como esta. A falta que sinto do meu amor me faz ESTAR sempre triste, mas SER cada vez mais feliz, pois, somente agora, percebo que posso realmente viver cada momento por ela, sem nenhum retorno humano, é um doar-me completa e gratuitamente.

Essa felicidade torna-se ainda mais profunda, não só alegria, pois potencializa os relacionamento que circundam a minha vida, me permite sair de mim mesmo e viver exclusiva e intensamente pelos outros.

Participar dessa grande aventura, dá uma nova dinâmica e um novo sentido as coisas aparentemente simples e normais… me faz entender que não são os sorrisos, risadas, ou a paz interior que me fazem conquistar a plenitude, mas a certeza que cada sacrifício, cada dia vivido pelos outros, cada renúncia e oferta, transformam o ” vazio” em FELICIDADE.

Esvaziando o copo

copo

Demorei muito tempo para encher o meu copo com certezas, descobertas, passos, com tudo aquilo que a minha vida gerou e o que foi gerado nela. Passei minha infância e adolescência preenchendo tudo com meus sonhos, meus ideais, tantas vezes utópicos, mas que se tornaram cada vez mais EU.

Contudo, algumas experiências me pediram para esvaziá-lo, para dar espaço ao Divino. Tinha que perder tudo aquilo que construí, toda a minha segurança, para acolher o Novo. Mas o mais difícil era confiar que tudo seria ainda melhor do que já tive. E foi.

Esvaziado e cheio novamente, Ele agora me pede para perder tudo novamente. Porém, dessa vez, observando esse ato demente, captei no que se traduz essa renúncia pessoal de si mesmo.

Não é que perdemos nosso EU de modo único, dolorido, porém rápido. Esse “esvaziar o copo” é feito com conta gotas. Cada parte daquilo que foi construído, entendimentos consolidados, são retirados em doses homeopáticas. Assim, a perda parece constante, cotidiana.

Porém, percebe-se também que existe algo de grande nesse simples ato. Um desapego verdadeiro das próprias idéias a si mesmo, em prol de um desígnio misterioso, mas certamente, maravilhoso.

Deste modo, o copo passa a ser preenchido por algo ainda mais interessante do que tínhamos interiormente, pois a nossas capacidades são finitas, limitadas, enquanto o copo preenchido por Ele, tem efeitos infinitos.

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“Sabei reconhecer que não sois os donos de vós mesmos, e abri-vos Àquele que vos criou por amor e quer fazer de vós pessoas dignas, livres e belas. Encorajo-vos nesta atitude de confiante abertura: aprendei a ouvir no silêncio a voz de Deus, que fala ao íntimo de cada um; lançai bases sólidas e firmes na construção do edifício da vossa vida; não tenhais medo do empenho e do sacrifício, que hoje requerem um grande investimento de forças, mas que são garantia do sucesso de amanhã. Descobri a verdade acerca de vós próprios e não cessarão de se abrir novos horizontes diante de vós.” (João Paulo II)

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