A tudo aquilo que éramos constrangidos, as pressões sociais moralistas, o machismo, de tudo isso somos agora livres.
Pode-se agora não envergonhar-se da falta de vergonha, exprimir-se de modo transparente, sem a supressão do nosso egoísmo. Contudo, me pergunto se encontramos pessoas mais realizadas, casais mais felizes, jovens sentimentalmente seguros.
O consumismo sentimental, um dos artifícios da “ditadura da razão”, incutiu a cultura do “faço aquilo que sinto”, desprezando toda a inteligência que nos diferencia dos outros animais. São eles que agem por instinto.
Também o novo conceito de liberdade, de fazer aquilo que quero, nos permite abraçar os condicionamentos que a cultura liberista proporciona, sendo que liberdade deveria ser libertar-se de qualquer condição para realizar nosso objetivo de vida.
Porém a renúncia faz parte do caminho a ser percorrido. Escolher sempre implica em um sim que decorre de um não (e vice-versa).
Hoje somos relativamente livres para traçar nossos caminhos, podemos ser nós mesmos, mas é preciso estar conscientes de que as pressões sociais ainda existem, estão transfiguradas na falsa idéia de respeito ao individualismo.
O mais importante é não deixar-nos ser levados pelo sentimento isento de razão. É a inteligência, a capacidade de pensar, que nos faz Homo Sapiens. Não podemos ser ingênuos ao ponto de não perceber que estamos constantemente sendo bombardeados por conceitos de liberdade e felicidade ilusórios.
Eu sempre me pergunto se a felicidade não provém da medida na qual nos propomos a viver pelos outros.
Vitor
“liberdade deveria ser libertar-se de qualquer condição para realizar nosso objetivo de vida”
E é só dizendo sim ao mais profundo eu de nós mesmos que conseguimos perceber as condições como condições
E é só percebendo as condições como condições que conseguimos dizer sim ao mais profundo eu de nós mesmos
São uma consciência e atitude que vêm ao mesmo tempo
Ótimo texto, Valter!
hgg
mt bom! só uma coisa: instinto no lugar de extinto.
Valter Hugo Muniz
Obrigado hgg… um erro corrigido 5 anos depois… 🙂