Sou um parasita de humanos, um sanguessuga.
Não consigo sobreviver sozinho, nem tentando, esforçando-me.
Quero sugar todo interior de quem está a minha volta.
Não aceito superficialidades, só admito o profundo.
Tento me sentir normal, mas não sou…
Tento fazer coisas normais, mas não consigo…
São muitos os lamentos.
No meu mundo a comida é escassa.
O que me alimenta está acabando com o tempo.
Ninguém mais quer se abrir, arriscar-se se expondo.
O medo venceu a esperança…
Esperança de encontrar alguém que aceite-nos como somos, quem somos.
Esperança de sermos verdadeiros e mesmo assim amados.
O tempo tem passado rápido e não tenho mais aonde prender minhas ventosas.
Elas estão fracas, desnutridas.
Sou um invertebrado, um verme condenado á morte, pois a vida desse mundo é
simplesmente imagem, ou seja, uma projeção que cada indivíduo faz de si na
sociedade.
O profundo é moribundo…