Month: January 2007

Ter medo: o desafio de manter-se coerente

Ter medo

Vivo em constantes contradições
e o mais difícil é descobrir
como conviver pacificamente com elas
sem ter medo.

Procuro viver bem cada momento,
Tentar amenizar os sufocantes sentimentos
Que decorrem de um imenso vazio voraz
Que a falta faz.

Tenho medo de perder o que não é meu,
o que não me pertence.
Perder as conquistas passadas,
mas assim arrisco perder o presente

e as glórias do Agora.
Contudo, é a partir desse medo
que me reencontro com meu melhor Amigo.
E que entendo o verdadeiro valor da renúncia,
que não é simplesmente perder,
mas um profundo oferecer.

E nesse redescobrir, reencontrar, ganho forças,
coragem e consciência.
Que por mais que doa e eu sofra,
Tudo faz parte desta fantástica experiência.

Como salvar o mundo

salvar o mundo

Depois do enforcamento brutal do ex líder iraquiano Saddam Hussein a sociedade novamente refletiu sobre as execuções sem ou com concessões.

No advento do Natal de 2006 outra morte gerou discussão no mundo. A eutanásia aplicada pelo médico italiano em um paciente que estava “vegetando” por muitos anos e a resposta do Vaticano vetando o enterro religioso do mesmo, nos faz pensar sobre o poder que o Estado ou indivíduos têm de tirar a vida de cidadãos, ou a própria vida.

Existem centenas de casos comprovados de execuções provas suficientes, mas o desejo de vingança, ou melhor, acerto de contas, contribui no contínuo ciclo de intolerância, que permanece através da nossa omissão diante dos acontecimentos.

A sociedade aprova atos como este, no qual a vida adquire “valor de troca”, produto que pode ser aproveitado e descartado de acordo com a necessidade… é o ápice do capitalismo selvagem.

Imersos nessa realidade cada vez mais desesperadora é sempre difícil acreditar que o Amor pode fazer algo, mas só ele pode salvar o mundo.

Quando se ama e esse amor entra nas pessoas se constrói já um mundo novo, pois se descobre o outro e se entende que a nossa força está nessa união gerada.

Amar, o amor, é a única maneira de salvar o mundo e fazer com que a sociedade se dê conta da impossibilidade de manipular as vidas, de que nada é nosso e por isso não podemos fazer usufruto do que somos de forma depreciativa.

Descobrir COMO amar é o maior desafio…. Em cada momento surgem inúmeras oportunidades de viver pelas outras pessoas, de ajudar, com atos ou pensamentos, orações… Quanto mais somos oportunistas, mais poderemos contemplar esse Novo Mundo.

Ser borboleta

borboleta

Não é preciso muito, demasiada sensibilidade, para perceber onde está desembocando o mundo.

Pena de morte, descaso com a vida, pobreza de pão e de espírito. Chagas e heranças que a nossa geração tem assumido ano após ano.

Imersos nessa realidade desesperadora e desesperançosa fica difícil sonhar com a utopia de um mundo melhor.

Porém, são nesses momentos que me lembro da história da borboleta. Do seu bater de asas, singelo, mas decisivo.

Percebo que a descrença em nós mesmos e naquilo que as nossas, às vezes singelas, atitudes podem gerar, fazem permancer o mundo e as circunstâncias que o cercam no mesmo marasmo.

Li a história de uma jovem que acreditava nos seus ideais e, percebendo a realidade que a circundava e a ânsia de mudanças nas pessoas, conseguiu conquistar e convencer muitos, especialmente jovens, de que cada nosso sim ou também as renúncias que fazemos por coerência são como um bater singelo de asas que, aos poucos, vai transformando o mundo.

É nisso que deve estar enraizada a nossa coragem. De que grandes mudanças, através de revoluções ou guerras, não serão mais possíveis, mas sim com muitas borboletas, que voam acreditando que o seu simples bater de asas será uma pequena parte do enorme furacão posteriormente gerado.
“O bater das asas de uma borboleta ao norte pode causar um furacão no sul.”

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