Month: September 2006 Page 1 of 2

Vinte e poucos anos

Vinte e poucos anos

(adaptação feita a partir de um texto de um autor desconhecido)

Crises sempre tomaram conta da minha vida. Estabelecer uma convivência pacífica e, sobretudo, saudável com elas tem sido meu maior desafio. Contudo a maior crise que vivencio ultimamente é a chamada “crise de um quarto de vida”, ou melhor, de “vinte e poucos anos”.

É quando você pára de sair com a galera e começa a perceber muitas coisas sobre você que você mesmo não conhece e pode não gostar disso.

Você começa a se sentir inseguro e pensar sobre onde você vai estar daqui a um ano ou dois, mas de repente se sente inseguro porque você mal sabe onde está agora.

Percebe que as pessoas são egoístas e que, talvez, aqueles amigos que você pensou que eram tão próximos não são exatamente as melhores pessoas que você encontrou em seu caminho, e pessoas que você perdeu o contato eram algumas das mais importantes. O que você não consegue perceber é que eles percebem isso também, e não estão sendo frios, grosseiros, ou falsos, mas estão tão confusos quanto você.

Você olha para seu emprego…e não é nem perto aquilo que você imaginava que estaria fazendo, ou talvez você esteja procurando emprego e percebendo que vai começar do zero e isso pode te assustar.

Suas opiniões se tornaram mais fortes. Você vê o que os outros estão fazendo e se encontra julgando mais do que o usual, porque você percebe que desenvolveu certos limites na sua vida e está constantemente adicionando coisas na sua lista do que é aceitável e o que não é.

Em um minuto, você está inseguro e no próximo, seguro. Você ri e chora com a maior força da sua vida. Você se sente sozinho, assustado e confuso.

De repente, a mudança é sua maior inimiga e você tenta se agarrar ao passado com a vida boa, mas logo percebe que o passado está cada vez mais longe, e não há nada a se fazer a não ser ficar onde está ou caminhar para frente. Escalar o muro ou se contentar em sonhar com o que se esconde atrás dele.

Agir como um idiota se torna patético. Você sente as mesmas coisas e enfrenta as mesmas questões de novo e de novo, e conversa com seus colegas sobre as mesmas coisas porque você não consegue tomar decisões.

Você se preocupa com empréstimos, dinheiro, o futuro e a importância de construir sua própria vida… e mesmo se estar ganhando a corrida parece maravilhoso, neste momento você gostaria apenas de participar!

Estamos em uma das melhores e piores épocas da vida, tentando o máximo que podemos acabar com isso. Porém, não tem escapatória. A única solução plausível é viver bem o momento presente, fazer com que cada noite, ao nos deitarmos, possamos sentir a plenitude de um dia bem vivido, projetando no presente a verdadeira felicidade, outra descoberta a se fazer, mas que daria outro texto reflexivo.

Lapso | Pensamentos na noite de 20/09/2006

Lapso

É só um lapso d’alma. Estou imerso em mais uma interminável aula de CEV. Escapa-me o significado de cada letra da sigla, como a minha vontade de prestar atenção.

Um dia longo de trabalho, intenso, propenso a sugar grande parte da energia reservada para a semana.

Não sei o quanto vale a pena viver mesmices cotidianas se não encontro um Sentido Maior a todas as ações do meu dia a dia.

Passei a maior parte do meu tempo pensando na pessoa que amo. É difícil desprender-me de pensamentos, desejos, egoístas, quando se está sozinho, confuso e carente.

Todo o meu eu, humano, tem me sufocado arduamente como uma degola de frango, antes de ir para panela.

Assim, purificar o amor se transforma em algo extremamente valioso e desafiador.

Deus… afim da dor… da minha… das moedas, muito bem pagas… para que o amor construído com ela, com Ele, com o mundo, tenha um verdadeiro valor.

Perdi Deus | Quando o silêncio é modelo de comunicação

Perdi Deus

Perdi Deus.

Ele se foi com a dor.

Deixando-me sozinho,para que eu mesmo,

pudesse ser Amor.

Perdi Deus

e comecei a me sentir sozinho.

Pois passei a caminhar e viver a vida,

sem me dar conta

de que existe Alguém,

conduzindo o meu caminho.

Perdi Deus.

E porque ele se foi?

De tantas conclusões,

o que me pareceu,

é que agora Ele me quer como ele,

Deus.

Perdi Deus.

E todo o vazio que despedaça a alma,

é mais uma oportunidade de amar,

e finalmente uma outra oportunidade,

do Abandonado, abraçar.

n substantivo feminino
1 Rubrica: religião.
no catolicismo, a primeira das três virtudes teologais
2 sistema de crenças religiosas; religião
Ex.: fé cristã
3 confiança absoluta (em alguém ou em algo); crédito

Desabafo (28/03/2006)

Hoje acordei insatisfeito com o mundo.

Descontente de estar vendo prédios, casas, ruas, pessoas, mendigos, bêbados, pobres e mesmo assim conservar a minha passividade diante de tudo.

Enoja-me o intelectualismo acadêmico, que nos enriquece no campo das idéias, mas que não produz nenhuma persuasão concreta, mudanças, mesmo que pequenas, mas imediatas, emergenciais.

Sinto-me rotulado… o estudante universitário, o trabalhador, o namorado, o filho, o jovem… sou como um pote de Hellman’s com um logotipo, data de fabricação e até prazo de validade (mesmo que esse seja aparentemente indeterminado).

Estou cansado de ser tachado de generalizador e superficial por aqueles que pedantemente me criticam e que paradoxalmente não fazem nada pela mudança do mundo. Estes desenvolvem seus dons para si mesmos, não gastam seus preciosos minutos pela humanidade e nem sequer doam uma hora da sua semana dedicando-se aos outros…

De que serve a emancipação desta ” Ditadura da razão” em que vivemos?? Do que adiantam tantos meios que nos tornam cada vez mais INDIVÍDUOS, mas que esquecem o fato de que não estamos sozinhos no mundo??? A pergunta nem é se a regulação social é importante, mas quem REGULARIA a sociedade sem olhar antes de tudo pro proprio umbigo???

Vou dormir incomodado com tantos questionamentos, dúvidas e sofrimentos… ciente de que tenho muito o que fazer, que não adianta eu transcorrer eloquentemente meus pensamentos, se não os transformo em atos concretos, se não sou um AGENTE MODIFICADOR da sociedade.

Mas tenho esperança, ou melhor, tenho a certeza de que não estou sozinho e com perseverança vou lutar sempre mais para ser coerente e não mais um orador.

chamam vida

Aquilo que eles chamam vida

Acordar cedo depois de ter dormido pouco.

A manhã de estudo me cansa e me faz questionar o porquê de ter que aprender coisas inúteis.

Como comida reaquecida no microondas. Alimento geneticamente modificado ou industrial. Pura química.

Corro para a escola, mas percorrendo as ruas da minha cidade vejo o grande “show”.

Dezenas de mendigos pelas calçadas pedindo dinheiro, crianças nos semáforos, pobres seminus deitados, bêbados e pessoas que viram as cabeças para o espetáculo do “cuspe social”.

Entendo que os europeus possam ser assim, pois para olhar o que existe no mundo é preciso abrir as janelas, mas aqui a miséria bate todos os dias nas nossas portas e a barulhenta campainha parece não incomodar os mais abastados.

Vejo-me imerso em um rio de indiferença e sinto o coração despedaçar-se… O que eu posso fazer??

Interrompo a reflexão para entrar na escola, cheia de jovens alienados, com suas roupas caras, celulares, todos vieram com os pais, que fazem de tudo para esconder deles o que acontece além dos muros de seus condomínios.

Passo toda a tarde estudando. Ouvindo os professores que fazem pequenas exibições, vomitando suas ideologias naqueles que serão o futuro intelectual do país. (E ainda não entendemos o porquê das coisas não mudarem nunca).

No final do dia volto pra casa, correndo, porque não é mais seguro caminhar quando o sol se põe. A criminalidade é um reflexo do nosso Sistema.

Chego em casa cansado, ligo a TV e o que vejo?

Um canal que manipula os fatos e ilude as pessoas com as suas telenovelas feitas para elite, que apresenta um telejornal falso, infelizmente dono da Verdade.

Chega!! Quero dormir!!! É nesse momento que experimento a mais plena paz. Pego um livro e leio, converso com as minhas irmãs, minha mãe…

Fecho os olhos, esperançoso de que amanhã será melhor, mesmo que seja pura fantasia.

É isso que os Paulistanos chamam VIDA.

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